quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Mãe de Deus comunica fim das atividades em Santo Antônio

Gestão do hospital municipal deve sair da alçada do grupo hospitalar em 7 de janeiro

Lorenço Oliveira

SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA – O Sistema Mãe de Deus emitiu um comunicado à imprensa nesta terça-feira (23) em que oficializa o encerramento das atividades no hospital municipal de Santo Antônio da Patrulha. O contrato de gestão termina no dia 7 de janeiro.

Em nota, a atual mantenedora afirma que o término da relação contratual “ocorre de forma tranqüila e alinhada, embasada principalmente no somatório de conquistas e melhorias asseguradas ao hospital, como a pintura de toda a área externa, aquisição de equipamentos, além de ampliação de seus serviços”.

Ainda de acordo com a manifestação, o Sistema Mãe de Deus salienta que está “trabalhando de forma alinhada com o Poder Público para que não ocorra qualquer prejuízo no atendimento aos pacientes durante este período de transição”.

O Coordenador da 18º Regional de Saúde Luis Genaro Fígoli diz que o Estado possui um contrato vigente com o Sistema Mãe de Deus que deve se extinguir apenas em 27 de fevereiro. Fígoli espera que a congregação cumpra o contrato plenamente.

O prefeito de Santo Antônio da Patrulha Paulo Roberto Bier se reuniu nesta terça-feira com a promotoria do Ministério Público e com a Procuradora-Geral do município para tratar do assunto. Até o momento do fechamento desta edição, não houve posicionamento oficial da prefeitura.

Na semana passada, o futuro Secretário Estadual da Saúde João Gabbardo dos Reis sinalizou uma possível prorrogação do convênio entre o grupo hospitalar e a prefeitura municipal. De acordo com o Deputado Estadual Gabriel Souza (PMDB), Gabbardo já teve duas reuniões com a congregação para tratar de uma renovação por mais 60 dias.

Após sete meses interditado, Hospital de Osório é reaberto

Nova vistoria do Corpo de Bombeiros liberou funcionamento do hospital. Foto: Lorenço Oliveira/Momento
Presidente Francisco Moro confirmou reabertura de todas as alas exceto o bloco cirúrgico e obstétrico. Emergências devem seguir no Posto Central

Lorenço Oliveira

OSÓRIOApós sete meses e uma semana interditado por causa de um incêndio, o Hospital Beneficente São Vicente de Paulo vai reabrir suas portas à população osoriense nesta quarta-feira (24), véspera de Natal. Uma nova vistoria do Corpo de Bombeiros, na tarde desta terça-feira (23), liberou o funcionamento de todas as alas, exceto o bloco cirúrgico e obstétrico. As emergências continuam acontecendo no Posto Central.

O Presidente da instituição Francisco Moro confirmou a reabertura da casa hospitalar para às 11 horas da manhã. Desde sexta-feira (19), quando os bombeiros negaram a liberação do alvará provisório, após uma vistoria que durou três horas, a direção trabalhou para corrigir pendências identificadas.

Na ocasião, a corporação constatou precariedade na instalação de extintores de incêndio, de sinalizações de saída e na iluminação de emergência. Segundo Moro, será reaberta a ala clínica (internação adulta e pediátrica, com cerca de 80 leitos); a ala psiquiátrica; o centro de diagnóstico e o serviço de apoio.


Moro não deu previsão para a reabertura do bloco cirúrgico e obstétrico. Já as obras da emergência devem estar prontas em 60 dias. Por enquanto, as urgências devem ser encaminhadas ao Posto Central Dr. Flávio Silveira. O hospital está fechado desde o dia 17 de maio, quando um incêndio atingiu o local.

sábado, 20 de dezembro de 2014

Adiada reabertura do hospital

Após três horas de vistoria, hospital de Osório não cumpriu as exigências dos Bombeiros, que devem retornar para nova avaliação na segunda-feira (22)


Major Richard Menezes (centro) e sua equipe constaram precariedade na instalação de extintores de incêndio. Reabertura prevista para ontem contava com faixa que dava boas vindas à população.
Texto e imagens | Lorenço Oliveira

OSÓRIO – Segue indefinida a reabertura do Hospital Beneficiente São Vicente de Paulo, em Osório. Na manhã de ontem, o Corpo de Bombeiros inspecionou o prédio e constatou que o local não está apto a reabrir. A direção do hospital pretende trabalhar durante o fim de semana para readequar às exigências solicitadas. A expectativa é de que os bombeiros voltem a verificar as pendências na segunda-feira (22).

A vistoria que durou cerca de três horas foi coordenada pelo Chefe da Secção de Prevenção a incêndios do Comando Regional de Bombeiros Major Richard de Oliveira Menezes. A equipe de bombeiros tinha a missão de verificar a existência de três itens básicos de segurança: iluminação, sinalização e extintores. Ou seja, conferir se estavam funcionando, e nos lugares corretos, as lâmpadas de emergência, as placas de saída para rotas de fuga e os extintores de incêndio.

“Nós vimos uma precariedade na instalação de extintores de incêndio, que são itens mínimos de segurança, que nós não podemos deixar de cobrar. Mas são coisas que podem ser consertadas com rapidez e agilidade”, disse o major Menezes. “Então nós estamos fazendo a notificação de correção e, tão logo estiver pronto, voltamos a fazer uma nova inspeção para liberar o alvará”.

O presidente da instituição Francisco Moro tinha a esperança de que o hospital fosse reaberto ontem às 14h, em que contaria com a presença da Secretaria Estadual da Saúde Sandra Maria Sales. Em entrevista ao programa Comunidade Ativa, na rádio Momento FM (98,1) poucos minutos antes do início da inspeção, Moro disse que foram instalados 131 extintores de incêndio e que os bombeiros já tinham certificado de que poderiam abrir, restando apenas uma última vistoria.

Indagado sobre o rigor da lei e se não estaria faltando bom senso para flexibilizá-la para estes casos, o major Menezes dispara: “Não vamos colocar a culpa na lei nova, por que são normas muito antigas. Por exemplo, a Lei para saídas de emergência é de 1993. A legislação nova faz apenas uma padronização de formas de procedimento, mas ela não exige nada de itens que já não eram exigidos na lei anteriormente (Lei 10.927 de 1997)”, esclarece Menezes.

Pacientes aguardam no setor de hemodiálise do Hospital, que segue aberta
O Hospital São Vicente de Paulo foi inaugurado em 18 de julho de 1925. Nestes 89 anos, o local passou por várias modificações, no entanto, o Plano de Prevenção Contra Incêndios (PPCI) nunca foi regularizado. “Ele [o hospital] já tem uma notificação do corpo de bombeiros de 2001 e nunca foram feitas as adaptações. Houve um pequeno foco de incêndio [sinistro em 17 de maio, que fechou o hospital] e várias notificações, cerca de cinco que eu tenha acompanhado”, expõe o major Richard Menezes, que acredita que houve um descaso na prevenção de incêndios.

Além dos três itens básicos de segurança, o major citou que há irregularidades no dimensionamento de saídas e precisam ser construídas mais escadas. “Isto aqui é um labirinto”, exclama Menezes. O chefe da Secção ainda observou irregularidades no armazenamento do gás central. Apesar de várias inconformidades, a lei prevê 12 meses para readequação destes outros itens.

Compareceram ainda durante a vistoria dois políticos envolvidos na questão: o Deputado Federal, Alceu Moreira, e o vereador, Ed Moraes, ambos do PMDB. Integrantes do Sindisaúde também estavam presentes, entre eles o secretário-geral Julio César Jesien.

Hospital perderá 20 leitos após abertura, diz Genaro Fígoli

Segundo Genaro Fígoli, Hospital terá redução de 101 para 80 leitos após abertura

O delegado coordenador da 18º regional de saúde Luís Genaro Fígoli, ressaltou ainda durante a vistoria dos bombeiros, que haverá uma redução de um leito em cada enfermaria do primeiro e do segundo andar do hospital. “Haverá diminuição do número de leitos, pois as camas estavam muito juntas, o que poderia afetar saídas de emergência”, explica Fígoli. O Hospital possui atualmente 101 leitos e deve diminuir para 80, segundo o delegado coordenador. 

Delegado Coordenador da 18º regional de saúde Luis Genaro Fígoli (esquerda) acompanhou vistoria

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Sistema Mãe de Deus pode renovar com Hospital de Santo Antônio por mais 60 dias

Segundo o deputado estadual eleito, Gabriel Souza, o futuro secretário estadual da saúde sinalizou que o grupo hospitalar deve permanecer na gestão do hospital durante o verão

Lorenço Oliveira

Gabriel Souza / João Gabbardo dos Reis

Fotos: Facebook de Gabriel Souza e Divulgação ICDF
SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA – O futuro Secretário Estadual da Saúde João Gabbardo dos Reis sinalizou uma possível prorrogação do convênio entre o Grupo Hospitalar Mãe de Deus e o município de Santo Antônio da Patrulha. A informação vem do deputado estadual eleito, Gabriel Souza (PMDB), que está representando o Governo do Estado na questão entre a mantenedora do hospital e o município.

Segundo o deputado, Gabbardo conversou com a diretoria do Mãe de Deus reiterando o interesse de que fosse renovado o contrato. O futuro secretário informou a Souza, na segunda-feira (15), que houve uma sinalização de que a congregação continue a operação do hospital da cidade por mais 60 dias, a partir de janeiro. A confirmação desse acréscimo contratual deve sair no início de 2015..

“Há um risco de que o hospital feche em Santo Antônio, pois todos os funcionários seriam demitidos e os equipamentos seriam retirados, já que pertencem ao Mãe de Deus”, esclareceu o deputado. Gabriel Souza ainda reforçou a importância de ter o hospital aberto durante o verão, em razão do fechamento do de Osório. Souza disse ainda que o grupo hospitalar vem informando o seu possível desligamento com Santo Antônio desde março, por questões financeiras, mas que o Estado só se interou do assunto há pouco tempo.

O Grupo Hospitalar Mãe de Deus ainda não se manifestou sobre o caso que envolve Santo Antônio da Patrulha. Nesta quarta-feira (17), haverá uma reunião da congregação, em que o assunto poderá ser abordado. Pelo contrato vigente, a gestão do hospital deve ser encerrada no dia 7 de janeiro.

Na segunda-feira (15), João Gabbardo dos Reis foi indicado pelo governador eleito José Ivo Sartori (PMDB) para a pasta da saúde. Atualmente ele trabalha como superintendente do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF). Além de técnico ligado ao PMDB, Gabbardo já atuou na secretaria estadual como adjunto de Osmar Terra no governo de Germano Rigotto (2003-2006), tendo assumido a titularidade em março de 2006.

A Assessoria de Imprensa do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal confirmou que Gabbardo conversou com o deputado Gabriel Souza, mas não deu detalhes sobre o assunto. Na sexta-feira (19), o novo secretário deve estar no Estado para esclarecer a questão.

*Matéria publicada no jornal Momento em 17 de dezembro de 2014;



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Funasa prevê R$ 3 milhões para apoiar planos de saneamento


Fundação ainda prevê maior aproximação com programa RESsanear do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS)

Lorenço Oliveira

LN – A Fundação Nacional de Saúde (Funasa) prevê investir cerca de R$ 3 milhões para apoiar a elaboração de Planos Municipais de Saneamento Básico (PMSB) no Rio Grande do Sul. Os recursos serão investidos através da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Municípios do Litoral Norte devem ser beneficiados.

O decreto presidencial 8.211/2014 prorrogou o prazo de entrega dos PMSB das cidades brasileiras para dezembro de 2015. A meta anterior era de que os municípios apresentassem seus planos até este mês. Sem eles, os municípios não conseguem captar recursos federais, como do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), para obras de saneamento.

A Funasa é um órgão federal que contribui para agilizar projetos vinculados a saúde pública, sendo o saneamento básico é um de seus pilares. “Neste momento nos estamos vivendo um marco civilizatório na vida dos brasileiros. Nunca se investiu tanto nesta área de água e tratamento de esgoto”, diz o Superintendente Estadual da Funasa no Rio Grande do Sul, Gustavo de Mello.

O que se vê, no entanto, é uma falta de conhecimento por parte dos gestores públicos sobre a importância dos planos. Mello acredita que os municípios menores precisam de um diagnóstico da situação do esgoto e do abastecimento de água para que os municípios recebam verbas. “Agora nos estamos tendo os bons problemas causados pelo volume de investimentos”, garante o Superintendente, que ainda prevê uma aproximação maior da Funasa com o programa RESsanear, do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RS).

Confira abaixo a situação em alguns municípios do litoral gaúcho, com base em dados fornecidos pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e a Funasa:

Arroio do Sal

Um dos casos mais recentes é o de Arroio do Sal. A cidade, que possui pouco mais de 8 mil habitantes, está há três anos produzindo um PMSB. Segundo a secretaria de Planejamento e Trabalho, Rita Basei, o documento está na fase final e deve ser apresentado até o fim do ano. O município renovou o contrato de concessão com a Corsan em 2009, com a anexação de clausulas que exigem mais investimento no setor de esgotamento sanitário.

Balneário Pinhal

Já em Balneário Pinhal, a Funasa investiu R$ 100 mil para a elaboração de um PMSB, que já foi concluído.  A cidade, de pouco mais de 12 mil habitantes, recebeu recentemente a implantação de uma adutora de água tratada, com extensão de 9,3 km, onde foram gastos R$1,3 milhão em recursos próprios da Corsan. A cidade passou a ser abastecida com água da estação de tratamento de Cidreira, oriunda da captação no canal da Lagoa da Cidreira. Além disso, foi estendida uma adutora de 1,6 mil metros entre Balneário Pinhal e Magistério, no valor de R$ 135 mil.

Caraá

O Caraá conseguiu captar neste ano uma cifra de R$ 1,2 milhão para investimentos em esgotamento sanitário. O processo ainda não foi iniciado, mas tem previsão de conclusão em 2016. Já em abastecimento de água, foram R$ 350 mil, num processo que já foi concluído, mas com pendências. A população atual do Caraá é de 7,8 mil habitantes.

Capivari do Sul

Com investimentos do PAC na casa dos R$ 3,5 milhões, Capivari do Sul está recebendo melhorias na área de abastecimento de água. Segundo o Superintendente Estadual da Funasa, a cidade está resolvendo um problema histórico de saneamento, que devem estar concluídos em 2016. A população estimada em 2014 é de 4.227 pessoas.

Cidreira

Famosa por suas areias brancas, Cidreira também se destaca como uma das pequenas cidades do litoral que possuem rede de esgoto tratado. De acordo com a Corsan, há coleta de esgoto em 1.108 economias, representando uma porcentagem baixa, mas importante: 6,5%. Atualmente, Cidreira possui uma população de 14 mil habitantes, mas não tem previsão de investimentos na área de saneamento.

Mampituba

Para uma cidade de 3 mil habitantes, os investimentos captados do PAC são extraordinários na vida dos mampitubenses. A cidade está recebendo recursos no valor de R$ 2,7 milhões para obras de esgotamento sanitário. O processo deve estar concluído até 2016.

Maquiné

Maquiné também possui PMSB e conseguiu captar R$ 1,4 milhão do PAC para abastecimento de água. O processo está sendo executado, de acordo com a Funasa. A população da cidade chegou a 7 mil habitantes em 2014.

Morrinhos do Sul

A pequena cidade de Morrinhos do Sul recebeu do PAC cerca de R$ 350 mil para investimento em abastecimento de água em 2009. O processo, de acordo com a Funasa, está 38% concluído. Morrinhos do Sul possui atualmente 3.209 habitantes, segundo o IBGE.

Mostardas

Os mostardenses chegaram ao número de 12,6 mil em 2014, e os investimentos do PAC para a cidade chegaram a R$ 1,5 milhões em saneamento básico, captados entre 2007 e 2008. A maior parte deste recurso é para obras em sistema de esgotamento sanitário.

Palmares do Sul

Outro caso é o de Palmares do Sul, que recebeu neste ano investimentos do PAC em abastecimento de água no valor R$ 3,3 milhões. O processo ainda não foi iniciado, mas deve estar concluído até 2016. Para isso, o PMSB da cidade deve estar concluído até o final do ano, segundo o Secretário Municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Endrigo Gonçalves. A prefeitura contratou uma empresa de consultoria para auxiliar na elaboração do plano. Ao todo foram sete audiências com a população, que chegou aos 11,3 mil em 2014.

*Não foi possível coletar informações sobre as cidades de Dom Pedro de Alcântara, Itati, Terra de Areia, Tavares, Três Cachoeiras e Três Forquilhas.


**Matéria publicada no jornal Momento do dia 16 de dezembro de 2014.

sábado, 13 de dezembro de 2014

Briga por esgoto

Foto: Gabriel Ferreira/PMO


Há cinco anos Osório e Santo Antônio da Patrulha discutem na justiça se o esgoto osoriense vai poluir ou não a lagoa dos Barros (foto). Patrulhenses querem um estudo ambiental, mas osorienses defendem que não é necessário

Lorenço Oliveira

OSÓRIO – Pelo menos 30 mil osorienses aguardam pelo início das operações do sistema de esgotamento sanitário da cidade. A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) ainda não começou os serviços, pois aguarda a finalização do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) na lagoa dos Barros, exigido pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), para garantir que as águas não serão poluídas. A Fepam, por sua vez, tenta atender a reivindicação do município de Santo Antônio da Patrulha, que exige judicialmente a realização do estudo. Osório não concorda e alega que a Fundação já tinha dado aval para a estação entrar em operação, e se ampara numa decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que garantia o início das atividades. Enquanto isso, 30 mil osorienses seguem sem esgoto.

Concluída há dois anos, a nova estação de tratamento de esgoto (ETE) de Osório, que deve beneficiar 80% da população, está paralisada por questões judiciais.
Foto: Juarez de Andrade Jr./Arquivo Corsan

O Ministério Público osoriense vem há anos pedindo para que uma nova estação de tratamento de efluentes (ETE) seja construída, ou que a antiga ETE seja reativada. Com a captação de recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), Osório reuniu verba suficiente para um novo investimento, no valor de R$ 27,5 milhões. Com isso, o MP arquivou o inquérito civil.

O projeto previa a construção de 34 quilômetros de tubulação, um emissário de 12 quilômetros, cinco estações de bombeamento (EBE) e uma estação de tratamento de efluentes (ETE), de acordo com a Corsan. A obra, iniciada em 2009 e concluída em 2012, proporcionará cobertura de esgoto para 80% da população, beneficiando os moradores dos bairros Parque da Lagoa, Porto Lacustre, Primavera, Albatroz e parte do Centro.

A população atual de Osório, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), está em 43.586. A maioria das residências, comércios e instituições utilizam fossa asséptica e sumidouro como solução para o esgoto. Grande parte dos efluentes é canalizada para a lagoa do Marcelino. Em 700 metros da orla, há pelos menos 10 pontos de deságüe de esgoto (semi-tratado).
Apesar disso, o projeto do novo sistema prevê a lagoa dos Barros como destino final do esgoto. Para o MP de Osório, não havia porque realizar qualquer estudo ambiental, visto que a Fepam já tinha licenciado a obra. O problema é que um dos municípios vizinhos não gostou da idéia e iniciou uma briga judicial.

Atual corpo receptor do esgoto de Osório fica no bairro Caiu do Céu: a lagoa do Marcelino.Foto: Lorenço Oliveira/Momento
SAP X Osório: uma eterna rivalidade


Fundada em 1811, Santo Antônio da Patrulha é um dos quatro municípios fundadores do Estado, junto com Porto Alegre, Rio Pardo e Rio Grande. Por muitos anos, compreendeu uma grande área, tendo originado mais de 70 cidades a partir de seu território. Entre elas, está Osório, emancipado em 1857, que levou consigo uma boa faixa do Litoral Norte. Além dos limites terrestres, Santo Antônio da Patrulha e Osório são separados pela lagoa dos Barros, que pertence aos dois municípios.

Em 2009, o Ministério Público patrulhense entrou com uma ação judicial para impedir a construção do sistema de saneamento em Osório. O órgão alegava que o esgoto dos osorienses iria poluir a lagoa e que a população de Santo Antônio da Patrulha seria prejudicada. O MP exigiu, então, a realização de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e um respectivo Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA). Por meio de uma liminar, expedida pelo juiz de primeiro grau de Santo Antônio da Patrulha, foi ordenado a interrupção total da obra.

Além do município de Osório, a Corsan e a Fepam também são réus da ação. As três partes decidiram pedir a suspensão da liminar no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), que revogou-a parcialmente, limitando a construção da obras, porém sem o aval para operar o sistema. A decisão não era o suficiente para Osório, que entrou com outro recurso, dessa vez no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Em outubro de 2009, o ministro do STJ César Asfor Rocha suspendeu integralmente a liminar. Santo Antônio da Patrulha reagiu com recursos, mas não conseguiu reverter a sentença.

No início deste ano, no entanto, o Ministério Público e o município de Santo Antônio da Patrulha, juntamente com a Fepam e a Corsan firmaram um acordo para executar um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA), antes de iniciar o lançamento dos efluentes na lagoa dos Barros. “Só que Osório nunca concordou com isso”, relata a Procuradora-Geral do município de Osório, Janine Santos Zart, que ingressou com um recurso no TJ-RS, que cassou a decisão que homologava o acordo entre as partes. “Por que no processo de licenciamento, a Fepam disse que não precisaria desse estudo, que o município poderia fazer o lançamento por questões técnicas”. Para Zart, a decisão do STJ dá suporte legal para que a Corsan inicie as operações do novo sistema.

Eis, então, que surge mais uma condicionante. “Esta obra de esgoto [em Osório] está concluída há dois anos. Nós não conseguimos a licença de operação, por causa dessas questões jurídicas, que é uma questão política entre os dois municípios. Então, a Fepam, que foi pressionada, pois ela já tinha dado a licença de instalação, o que fez? Voltou atrás e disse: ‘Não, agora vocês tem que fazer um emissário para lançar lá no meio da lagoa, a 700 metros’”, explica o Superintendente Regional da Corsan no Litoral Norte (Surlit), Osvaldo Paiva.

A companhia fez uma readequação no projeto, licitou e construiu o emissário, concluído há cerca de três meses. Aos cofres da Corsan, a nova tubulação custou R$ 3,3 milhões. Paiva não acredita na hipótese de que o esgoto dos osorienses irá poluir a lagoa. “Os efluentes tratados sairão com 98% [de pureza]. A água do DMAE [Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre], que se bebe, é 87% tratada”, compara. Mesmo assim, por exigência da Fepam, o Superintendente confirmou que o EIA/RIMA está sendo executado e deve ser concluído no fim de dezembro. “Só estamos aguardando a finalização do estudo para colocar o sistema em operação”, garantiu o gestor.

Contatada, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) não soube responder porque voltou atrás na questão referente a Osório e se manifestou com a seguinte nota no dia 3 de dezembro:
“Entre todas as ações de revisão e saneamento dos licenciamentos ambientais referentes ao Litoral Norte (referentes ao esgotamento sanitário) que a FEPAM está realizando há um ano e meio, existe especificamente uma Ação Judicial do Ministério Público em relação a Osório e Santo Antônio da Patrulha. Nesta semana [semana passada] a FEPAM foi intimada para conhecimento e posterior avaliação dos estudos técnicos apresentados no processo e agora vai conhecer as conclusões. Em paralelo, existe um projeto de regularização ambiental dos empreendimentos naquela região”.
  
Pressão política

A Procuradora-Geral de Osório, Janine Santos Zart, entende que a briga entre os dois municípios tem componentes políticos. “A comunidade [de Santo Antônio da Patrulha] não aceitava [os efluentes na lagoa] e exigiu que o executivo tomasse uma posição. Teve algumas audiências públicas. Na época, nosso prefeito foi junto com a Corsan e a Secretária do Meio Ambiente e não foram recebidos de uma forma muito amistosa”, expõe Zart.

Em Santo Antônio da Patrulha não há rede de coleta de esgoto. A maioria dos 41.784 patrulhenses (segundo o IBGE) utiliza o sistema de fossa e sumidouro. A Ecoplan Engenharia, empresa que presta serviços para a Corsan, estudou a topografia do município entre 2008 e 2009 para a elaboração de um projeto de esgotamento sanitário.

Na época, o município não conseguiu captar recursos para a obra. Os investimentos foram adquiridos somente em 2014, através do PAC, no total de R$ 36,3 milhões. O projeto compreende a construção de uma estação de tratamento de efluentes (ETE), uma estação elevatória, um emissário e 48,9 quilômetros de rede coletora.

A obra será executada em duas etapas, sendo que a primeira foi licitada em julho deste ano, por Regime Diferenciado de Contratação (RDC), no valor de R$12,4 milhões. De acordo com a Corsan, a previsão de conclusão é de 720 dias corridos a partir da data de ordem de início dos trabalhos. A cobertura de esgoto deve aumentar de 0% para 12%. O futuro sistema de esgoto de Santo Antônio da Patrulha será através de bacias de infiltração, sem o lançamento de efluentes em lagoas.
Até o fechamento desta edição, a Procuradoria-Geral de Santo Antônio da Patrulha não respondeu aos questionamentos sobre o processo entre os dois municípios.


Na edição de terça, saiba o que outros municípios do Litoral Norte estão fazendo para se readequar a Lei de Saneamento Básico

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Metade de Tramandaí deve ter esgoto tratado até 2016

Bacias de infiltração em Tramandaí receberão mais dois módulos até 2016
Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan
Abrangência atual do sistema de esgotamento sanitário é de 19%; Consórcio de empresas que venceu licitação tem cerca de um ano e meio para concluir ampliação

Lorenço Oliveira

TRAMANDAÍA “capital das praias” prevê aumentar para 50% a cobertura do tratamento de esgoto até 2016. Isso deve acontecer se o cronograma de obras da ampliação do sistema não sair da linha. Atualmente, de acordo com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), das 33 mil economias da cidade, 9.106 (19%) estão ligadas à rede de esgoto tratado.

O consórcio entre as empresas Grimon, Acepar e MGM tem 720 dias corridos, contados a partir de 6 de junho de 2014, para concluírem a obra de ampliação do sistema de esgotamento sanitário em Tramandaí. Licitada pela Corsan através de Regime Diferenciado de Contratação (RDC) em novembro do ano passado, mais de 12 mil moradores devem ser beneficiados.

De acordo com a Corsan, serão feitas 1.176 ligações prediais nas bacias 10, 11 e 12, áreas priorizadas pela prefeitura. Além disso, três estações de bombeamento e mais dois módulos na atual estação de tratamento (ETE) serão construídas. O investimento total, através do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), será R$ 24,4 milhões.

Segundo o Secretário municipal de Obras de Tramandaí Antônio da Silveira Rodrigues, as escavações de ruas para instalação de tubulação devem parar durante a temporada de verão. Mesmo com a pausa, o prazo de conclusão se mantém, pois este modelo de licitação prevê multas em caso de atraso.

O Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Tramandaí, produzido em 2013, estipula metas de médio e longo prazo, além de medidas imediatas. A cidade prevê gastar aproximadamente R$ 3,5 milhões para o sistema de esgotamento sanitário até 2015. De 2016 a 2021, mais R$ 25 milhões; e entre 2021 e 2027, R$ 14,8 milhões.

Estes custos, de acordo com o plano, compreendem a ampliação e manutenção de redes coletoras e ligações prediais; ampliação da estação de tratamento de esgotos (ETE); investimento com soluções alternativas para a área rural; elaboração de projetos; e o monitoramento do esgoto bruto e tratado, além do corpo receptor.
  
Tratamento saltará de zero para 30% em Imbé

Implantação de tubulações irá continuar durante o veraneio em Imbé.Foto: Jairo Vargas/Corsan

IMBÉ - Já na cidade vizinha, Imbé, está em andamento a primeira obra de siste
ma de esgotamento sanitário da cidade. Com investimento de R$ 35,5 milhões, através do PAC, o empreendimento inclui estação de tratamento (ETE), redes, ramais, elevatórias, linhas de recalque, interceptadores e ligações prediais. O índice de esgoto tratado deve saltar de zero para 30%, o que beneficiará 5,4 mil pessoas.

A primeira etapa do empreendimento inclui a instalação de 17,5 km de redes coletoras em seis bacias da cidade; as estações de bombeamento; 5,8 km de linhas de recalque, interceptadores; e 1.542 ligações prediais. Esta etapa foi licitada através de RDC e o consórcio vencedor foi o das empresas CSL e Cisal, no valor de R$ 19,9 milhões.

Diferente de Tramandaí, as obras de abertura de ruas vão continuar durante o veraneio. “Haverá obras na quadra da Avenida Carazinho até a Não-me-toque, passando pelas ruas Taquara, Julio de Castilhos e Santo Ângelo”, prevê o Gerente da Corsan de Imbé Juarez Bento da Rosa. Segundo a Corsan e a prefeitura, não há tanto movimento durante o veraneio nestes logradouros.

A segunda etapa compreende a construção da estação de tratamento (ETE), que ficará entre o bairro Nova Nordeste e o Hotel Fazenda Três Figueiras. Licitada em maio deste ano, esta fase será executada pelo mesmo consórcio.


De acordo com a Corsan, a ETE ão trará inconvenientes aos moradores próximos em função do processo de tratamento utilizado, que permitirá a filtragem e queima de todo o gás gerado na Estação. “A parte principal do tratamento, responsável pela qualidade do efluente final, está a aproximadamente 1 km do hotel”, explica o Superintendente Regional da Corsan no Litoral Norte (Surlit) Osvaldo Paiva. 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Santo Antônio tenta renovar convênio de hospital com Sistema Mãe de Deus

Segundo prefeito Paulo Bier, déficit financeiro do hospital chega a R$ 3 milhões
Foto:: Site da Câmara de Vereadores de Santo Antônio da Patrulha
De acordo com funcionários, o atual administrador da instituição pretende oficializar o aviso prévio de demissões na próxima quinta-feira (16)

Lorenço Oliveira

SANTO ANTÔNIO DA PATRULHAO poder executivo patrulhense segue em negociações para renovar o convênio com o Sistema Mãe de Deus, que pretende finalizar suas atividades no hospital municipal da cidade no fim do ano. O clima é de incerteza dentro da instituição e alguns funcionários já estão procurando alternativas em outros postos da região. Dentro do hospital corre a notícia de que o aviso prévio de demissão será dado no dia 16 deste mês. Pelo contrato, os profissionais deverão trabalhar até dia 7 de janeiro.

O Sistema Mãe de Deus administra o hospital municipal há mais de cinco anos. O contrato expirou no dia 7 de outubro, porém a prefeitura fez um aditivo por mais três meses. “O déficit financeiro atual do Mãe de Deus em Santo Antônio é de R$ 3 milhões”, informa o prefeito da cidade Paulo Roberto Bier. “Os contratos do município e do Estado não suportam mais os custos do hospital”, diz o prefeito.

O delegado regional da 18º Coordenadoria-Regional de Saúde Luis Genaro Fígoli garante que o Estado está monitorando a questão, pois há grande interesse no hospital, visto que ele é de abrangência regional. Ainda de acordo com o delegado, estão previstos novos recursos do Estado à instituição. “O contrato atual do Estado com o Hospital de Santo Antônio pode passar de R$ 8,8 milhões para R$ 9,5 milhões anuais. Mas isso só será oficializado após o [Sistema] Mãe de Deus resolver sua situação o município”, esclarece.

Para o chefe do executivo patrulhense, este valor informado pelo delegado seria suficiente para sanar a dívida do hospital, mas a troca do governo de Tarso para o de Sartori está afetando a renovação do convênio. “A transição do governo está trancando esse repasse de verbas”, declarou Paulo Bier. Em caso de não ocorrer uma renovação do convênio, a prefeitura irá administrar sozinho o hospital, recontratando os profissionais. No entanto, Bier não garante que o número de funcionários se mantenha. O Sistema Mãe de Deus ainda não se manifestou sobre o assunto.

O Hospital de Santo Antônio da Patrulha é o único pronto atendimento 24 horas da cidade. A instituição existe desde 10 de abril de 1951 e tornou-se municipal a partir de decreto em 1969. Em 2009, o Sistema Mãe de Deus passou a administrar a instituição, que possui 82 leitos, sendo 74 reservados ao pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de Santo Antônio da Patrulha, o hospital atende ainda o município de Caraá.

*Matéria publicada originalmente em jornal Momento, em 11 de dezembro de 2014.


Capão aguarda resolução da Fepam para obra de estação de tratamento

Tratamento de esgoto em Capão da Canoa é através de bacias de infiltração.
Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan
Com a melhor distribuição de esgoto do Litoral Norte, projeto de nova estação de tratamento não consegue sair do papel

Lorenço Oliveira

CAPÃO DA CANOAOs caponenses possuem a melhor rede de esgotos do Litoral Norte. No entanto, poderia ser melhor, se a nova estação de tratamento de esgoto Guarany, prevista há anos, estivesse pronta. A verticalização do município provocado pelo crescimento imobiliário pressiona os órgãos públicos, mas o impasse segue sem definição.

A história do esgotamento sanitário em Capão da Canoa é semelhante a de Torres. Na década de 1990, o Ministério Público Federal embargou a construção civil no município por falta de sistema de esgoto adequado. Assim que as ETEs foram ampliadas, o setor voltou a crescer.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população de Capão da Canoa atingiu em 46.467 em 2014. Segundo estimativa da prefeitura, no entanto, a cidade chega a comportar 400 mil turistas durante o veraneio.

Os caponenses vivem com uma cobertura de coleta de esgoto de 57% da cidade (20.507 economias), segundo informações da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). O esgoto sanitário é coletado, encaminhado para duas estações de bombeamento (EBE) e recalcado para as duas estações de tratamento de efluentes (ETEs São Jorge e Araçá). Diferente de Torres, as ETEs de Capão da Canoa são compostas por bacias de infiltração, por tanto, não despejam efluentes em rios ou lagoas.

Capão da Canoa assistiu nos últimos anos um crescimento exponencial da construção civil, o que muitos chamaram de “boom” do setor. De acordo com a Associação dos Construtores e Incorporadores da Construção Civil de Capão da Canoa (Associc), o setor é responsável por 70% da geração de empregos (diretos e indiretos) no município. Na semana passada, o prefeito Valdomiro Novaski informou na Rádio Gaúcha que atualmente há uma média de 45 prédios sendo construídos na cidade.


Loteamentos privados

Além dos edifícios, o município passou a receber também os empreendimentos de condomínios horizontais de luxo. São áreas privadas que possuem segurança 24 horas, ruas pavimentadas, salões de eventos, piscinas, quadras de tênis, lagos artificiais e, é claro, esgoto tratado.

Atualmente, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento de Capão da Canoa, seis condomínios estão instalados na área do município, e há, pelo menos, mais quatro projetos sendo estudados para os próximos anos.

A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) faz exigências diferenciadas para cada condomínio horizontal. Em tese, os empreendimentos precisam estar ligados através de uma a rede separadora absoluta. O Condado de Capão, do grupo Capão Novo, é o único que segue essa linha.

Já o condomínio Velas da Marina, do grupo Marina Park, localizado à margem da ERS-389 (Estrada do Mar), possui licença para aplicar o sistema de fossas e sumidouros, em que a manutenção é feita por caminhões limpa-fossas. A explicação do arquiteto concursado da Secretaria de Meio Ambiente e Planejamento, João Batista Canani, é de que o solo naquela região possui o lençol freático muito baixo.

O mesmo ocorreu na licença ambiental dos dois condomínios instalados mais recentemente em Capão, os Ilhas Resort 1 e 2. O empreendimento da incorporadora Beralv possui áreas nos dois lados da Estrada do Mar (ERS-389), com características de solo semelhantes ao Velas da Marina.

Segundo Canani, o condomínio Dubai Resort, da M.Grupo, ainda não possui licença ambiental e, por tanto, não pode construir em sua área. “O que ocorreu, no entanto, foi uma flexibilização por parte da Fepam que limitou a construção de até 30 unidades. Já o Costa Serena, da Idealiza e Wagnerpar, ainda não possui nenhum tipo de licença para construir casas”, informa o arquiteto.

Homens trabalhando?

Capão da Canoa passou nos últimos anos por obras de saneamento básico, como esgoto e água encanada. Foram abertas vias em diversos bairros para a instalação de tubulações, no entanto, o esgoto das casas não está ligado a rede. O motivo? O projeto da nova estação de tratamento ainda não foi aprovado pela Fepam.

A Fundação segue discutindo com a Corsan e o município sobre o destino final dos efluentes. O investimento, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é de R$ 27 milhões, mas continua sem licitação. A obra da nova ETE Guarany (chamada anteriormente de nova Araçá) possui apenas um gradil em seu perímetro. A expectativa é de saltar a cobertura da rede coletora de 57% para 80%.

A Corsan não tem previsão de quando será iniciada esta obra e a Fepam não deu resposta sobre o tema até a data desta publicação.

“Capital dos condomínios”

Mais recente estação de tratamento de esgoto de Xangri-lá foi construída por consórcio de construtoras de condomínios fechados. Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan
Consórcio entre empreendedores dá exemplo de iniciativa privada para solucionar esgoto em conjuntos residenciais

Lorenço Oliveira

XANGRI-LÁ – A população residente xangrilense chegou a 13.951 em 2014, de acordo com o IBGE. A Corsan contabiliza atualmente 17.730 economias, das quais 3.616 possuem ligação a rede de esgoto (20,39%). No entanto, esse percentual é predominantemente de condomínios fechados de luxo. O município possui atualmente 31 conjuntos residenciais, sendo que três estão em construção e outros três ainda não foram implantados. Na gestão de 2009/2012, a prefeitura de Xangri-lá se declarou publicamente como a “capital dos condomínios”.

A maioria destes empreendimentos estão ligados a estação de tratamento de efluentes (ETE 2), construída em 2010 por uma associação de condomínios. “Foi um consórcio de investidores que reuniu recursos. Sendo que eles entraram com uma parte e a Corsan com outra parte. Ao invés de cada condomínio construir uma estação individual, se construiu uma grande estação coletiva”, explica o Chefe de Operação e Manutenção Regional da Corsan no Litoral Norte, Rodrigo Lupin.

A ETE realizada pelas construtoras é operada pela Corsan, e o município possui uma cota de 1.000 unidades para residências fora dos conjuntos privados. Segundo o Diretor de Meio Ambiente de Xangri-lá, Evandro Arcaro, o restante da cidade opera com estações compactas em cada residência, de acordo com lei.

“Consiste em uma caixa de gordura, fossa asséptica, reator anaeróbio e filtro anaeróbio. A infiltração do solo com baixa concentração de matéria ocorre de duas formas: ou por sumidouro ou canteiro de transpiração”, explica o Arcaro. No entanto, o diretor informa que a norma limitou a regra apenas para casas a 300 metros a partir das dunas em direção ao continente.

Além deste sistema, Xangri-lá possui uma ETE menor, mais conhecida como Figueirinha. No entanto, é precária, e atende prioritariamente os moradores da Vila Figueirinha, uma ocupação existente há anos nos limites da cidade.

Recursos para ampliação

A Prefeitura de Xangri-lá conseguiu captar recursos do PAC para ampliar as atuais ETEs. De acordo com o site do PAC, a obra de implantação do sistema de esgoto tratado compreende as bacias 4A, 5A, e Av. Paraguassú. Além de uma rede coletora, estação elevatória de esgoto, ETE e ligações domiciliares. O investimento total previsto, segundo a Corsan, é de R$ 19,1 milhões.

Atualmente, quem passa pelas ruas de Xangri-lá pode observar o trabalho de abertura de ruas, para a implantação de 13,6 km de tubulação, além dos ramais prediais e caixas de calçada. Esta primeira fase teve Ordem de início no dia 14 de outubro de 2013 e tem previsão de conclusão em 720 dias. Durante o verão, as obras devem ser paralisadas.

Na edição de amanhã, confira como estão os municípios de Tramandaí e Imbé

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Falência de empresa e licitações desertas atrasam ampliação de esgoto em Torres

Localizada no bairro Salinas, a estação de tratamento de esgoto de Torres despeja os efluentes com 99% de pureza no rio Mampituba. Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan
Ação civil pública do Ministério Público pressionou retomada das obras de ampliação do tratamento de esgoto que deve acontecer nos próximos meses

Lorenço Oliveira

TORRES – Considerada uma das praias que melhor atende sua população em relação a saneamento básico no Rio Grande do Sul, Torres tem mais da metade das residências ligadas a uma rede de esgoto tratado. De acordo com a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), das 19.842 economias atendidas, 54,62% possuem tratamento. É a segunda maior cobertura do Litoral Norte, perdendo apenas para Capão da Canoa (57%).

A atual estação de tratamento de efluentes (ETE) “Mampituba” foi inicialmente pensada como solução para o embargo da construção civil, ocorrido na década de 1990. Naquela época, o Ministério Público Federal (MPF) interrompeu as obras em toda a cidade, em razão da falta de uma rede de esgoto tratado. O município voltou a crescer apenas quando a ETE Mampituba, localizada no bairro Salinas, entrou em atividade.

O sistema implantado em Torres funciona através de lagoas de estabilização, onde é feito o tratamento biológico da matéria orgânica. A estabilização dos resíduos ocorre por oxidação bacteriológica (oxidação aeróbica ou fermentação anaeróbica) e/ou por redução fotossintética das algas. Segundo a secretaria municipal do Meio Ambiente e Urbanismo, o efluente deságua no rio Mampituba com 99% de pureza.

Com o crescimento da cidade a estação precisou de um novo projeto para aumentar sua capacidade. Através de recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 1), uma cifra inicial de R$ 8,5 milhões foi prevista para a ampliação do sistema de esgotamento sanitário nos bairros Igra Norte e Sul. O investimento compreenderia a construção da rede coletora, de uma estação elevatória e de um emissário, além da ampliação da ETE. A informação é do site do PAC, com data referência em 30 de abril de 2014, que informava que o estágio atual do projeto era “em obras”.

O montante de investimento para a obra, no entanto, foi maior do que o previsto no site oficial: R$ 10,5 milhões, segundo a Corsan. De acordo com o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB) de Torres, a obra também compreenderia a instalação de aeradores para minimização de odores gerados e maior vazão de tratamento com a redução do tempo de detenção hidráulica – visto que a decomposição da matéria orgânica ocorre mais rapidamente com a inserção de oxigênio no sistema. Ainda de acordo com o plano, a obra ampliaria o percentual de coleta para 75% da cidade.

A empresa licitada, que tinha previsão de conclusão dos trabalhos em 2010, no entanto, faliu. “Na hora de fazerem a estação de bombeamento, que é uma estação de profundidade, a empresa rompeu o contrato. E aí, se abriu uma briga jurídica. Cancelar contrato, ver as penalidades, etc”, explica o Chefe de Operação e Manutenção Regional da Corsan no Litoral Norte, Rodrigo Lupin.

A falência da empresa interrompeu definitivamente as obras, o que indignou a população de Torres, principalmente os moradores dos bairros Igra Norte e Sul, que tiveram parte de suas ruas escavadas durante meses para instalação de tubulação. Por falta de conhecimento, ou talvez por retaliação, vários moradores fizeram conexões à rede, ainda inacabada, sem autorização da Corsan. E o pior aconteceu: a inexistência de uma bomba de recalque causou o transbordamento do esgoto em via pública.

A Corsan identificou os locais em que houve as ligações e executou emergencialmente uma canalização de extravasamento, direcionando o excedente de efluentes para um sistema operante da cidade. Contudo, os moradores denunciaram a situação ao Ministério Público, que abriu uma ação civil pública contra o município e a Corsan.

Para o 2º Promotor de Justiça de Torres, Márcio Roberto da Silva Carvalho, neste caso, não bastava um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), aplicado com frequência nestas situações. “Os órgãos deveriam ter condições de avaliar se a empresa está apta a executar a obra, no entanto, são ineficientes por causa da burocracia”, critica o promotor. A ação do MP pede a retomada imediata das obras.

O reinício das obras foi orçado em torno de R$ 2,4 milhões. No entanto, a companhia enfrentou duas licitações desertas. Para o Superintendente Regional da Corsan no Litoral Norte (Surlit), Osvaldo Paiva, o modelo de licitação realizado no Brasil dá margem para que as empresas interrompam os projetos ou desertem de novos processos de licitação. “Sobrou apenas carne de pescoço!”, ilustra Paiva. “Imagine: 2,4 milhões [valor do contrato para conclusão], uma profundidade de 8 metros [do solo], o lençol freático a milhão... Como é que tu vai fazer uma obra? Não vai ter lucro! Aí a empresa diz: ‘vou romper o contrato’.Aí não tem multa, porque na verdade vai ter uma questão jurídica, que vai desenrolar em dois ou três anos”, disse o Superintendente.

A solução encontrada pela Corsan, a partir de 2012, foi realizar licitações através do Regime Diferenciado de Contratação (RDC), método utilizado com freqüência pelo Governo Federal em obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. “O RDC já prevê no contrato a multa e a readequação”[em caso de falência da empresa], demonstra Paiva. Entre outras diferenças, o regime também prevê um cronograma de 720 dias (cerca de dois anos) para a conclusão do projeto, com multas em caso de descumprimento.

Com o modelo RDC, na terceira tentativa, a companhia conseguiu licitar novamente e contratar uma nova empresa. Segundo o Superintendente, já foi dada ordem de início para a retomada da obra, que está em fase de mobilização do canteiro. A Corsan prevê que a empresa conclua os trabalhos em um ano.

Na edição de amanhã, a situação dos municípios de Capão da Canoa e Xangri-lá.
*Reportagem publicada originalmente em jornal Momento, em 10 de dezembro de 2014

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Litoral Esgotado

Detalhe de local de deságue de efluentes do esgoto cloacal na lagoa do Marcelino, em Osório.Foto: Lorenço Oliveira/Momento

Recursos do PAC garantem investimentos em saneamento básico, mas burocracia em licitações e licenças ambientais atrasam contratações;  empresas desistem de projetos

Lorenço Oliveira

LN – Um tema pouco debatido pelos candidatos aos governos federal e estadual foi o saneamento básico no país, pois como se diz no jargão popular: “cano enterrado não dá voto”. Os custos das obras de infraestrutura no setor são altos e o retorno em arrecadação leva anos. Apesar de especialistas no assunto estimarem que a cada um real investido em saneamento básico se economiza quatro em saúde pública, o assunto parece não interessar à agenda dos políticos e pouco se vê de propostas para a universalização da água e do esgoto.

O estudo “De olho no PAC”, publicado pelo Instituto Trata Brasil em maio deste ano, fez uma radiografia da situação das obras de água e esgoto nas maiores cidades do país que tiveram investimentos pelo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). De 177 obras do PAC 1 com contratos assinados entre 2007 e 2008, 59% não cumpriram o cronograma inicial. Já os contratos de 2011, referentes ao PAC 2, 50% nem tinham começado. Apesar dos investimentos, o Brasil ocupava em 2011 a 112ª colocação no ranking global de saneamento com 200 países, segundo estudo do Instituto Trata Brasil e do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.

No Litoral Norte do Rio Grande do Sul a questão se repete. Apesar de recursos da União através PAC garantirem milhões para obras de saneamento, a burocracia de licitações atrasa as contrações de empresas, que nem sempre concluem os projetos. Os órgãos responsáveis pela legislação ambiental também não contribuem para a celeridade dos processos.

Na esteira deste tema, o jornal Momento publica a partir de quarta-feira (10) a série de reportagens Litoral Esgotado, mostrando a situação atual do esgotamento sanitário dos principais municípios do Litoral Norte. Como se comportam as estações de tratamento de efluentes (ETE), qual a abrangência da coleta nas cidades e o que os órgãos públicos estão fazendo para melhorar a nossa região.

LN: R$ 195 milhões em esgoto

Principal local de deságüe dos efluentes na lagoa do Marcelino, em Osório.
Foto Lorenço Oliveira/Momento

A Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) é a empresa pública responsável pela maior parte dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário no Rio Grande do Sul. No Litoral Norte, a companhia trabalha com esgotamento sanitário em 13 municípios, mas em apenas sete deles há ligação à rede coletora (Atlântida Sul, Capão da Canoa, Cidreira, Imbé, Torres, Tramandaí e Xangri-Lá). O restante opera pelo sistema de fossa e sumidor (Arroio do Sal, Balneário Pinhal, Osório, Palmares do Sul, Santo Antônio da Patrulha e Terra de Areia). No total são 201.951 economias, sendo que 22,42% estão ligadas a uma rede coletora de esgoto.

Outros municípios da região, como Caraá, Dom Pedro de Alcântara, Itati, Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Três Cachoeiras e Três Forquilhas não possuem contratos de abastecimento de água ou esgotamento sanitário com a Corsan. Mostardas, Tavares e Capivari do Sul são atendidos pela companhia apenas com abastecimento de água.

A Corsan diz ser uma das companhias que mais captou recursos do PAC para saneamento básico, com um montante de R$ 4 bilhões até 2014. A partir de 2011, o Governo do Estado e a companhia montaram uma força-tarefa para cadastrar municípios com menos de 50 mil habitantes. Este esforço converteu para o Litoral Norte cerca de R$ 332 milhões em obras de saneamento, sendo R$ 195 milhões para esgotamento sanitário.

As diretrizes nacionais sobre políticas de saneamento são ditadas pela Lei Federal 11.445, de 5 de janeiro de 2007, regulada em 2010. A partir dela, ficou definido que o planejamento no setor é função do município, que pode o próprio ente público prestar os serviços, ou designar a uma concessionária pública ou privada. A norma surgiu 23 dias antes do lançamento oficial do PAC, que englobou investimentos federais em várias áreas, incluindo saneamento básico.

Os indicadores oficiais sobre os serviços de água e esgoto no Brasil são consolidados pelo Ministério das Cidades, através do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Um dos pontos mais críticos é o esgotamento sanitário: menos da metade da população (48,3%) têm acesso à coleta de esgoto, sendo que apenas 38,7% são tratados.

A Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) traz outros detalhes sobre esgoto nas residências de todo o país. Os indicadores conjunturais, referentes ao ano de 2012, apontam que 57,2% dos domicílios brasileiros estão ligados a uma rede coletora de esgoto; 6,1% possuem fossa asséptica ligada a rede; 14,5% têm fossa, mas sem ligação a rede; 16,6% aplicam fossa rudimentar; e, 5,7% utilizam outro sistema ou não têm.

Ainda de acordo com a PNAD, 42,3% dos domicílios da região Sul estão ligadas a uma rede coletora de esgoto, o que representa 4,12 milhões de residências. A região com o maior percentual é o Sudeste, com 84,2%. A pior situação se encontra no Norte, onde apenas 13,1% possuem rede esgoto.

Mais de um bilhão de pessoas não possuem banheiro no mundo


Madeira velha sustenta o que seria o vaso sanitário na vila Ocupação Hospital, em Porto Alegre. Foto: Guilherme Testa/Editorial J
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define saneamento básico como “o conjunto de medidas adotadas em um local para melhorar a vida e a saúde dos habitantes”. Neste sentido, incluem-se o abastecimento de água tratada; coleta e tratamento de esgoto; limpeza urbana; manejo de resíduos sólidos; e, drenagem das águas pluviais. Os responsáveis por essas medidas são os três níveis de governo: municipal, estadual e federal.

Dados da Unesco de 2014 dão conta de que 768 milhões de pessoas no mundo continuam sem acesso à água potável. Segundo a OMS, cerca de 36% da população mundial (2,5 bilhões de pessoas) vivem sem saneamento adequado e mais de um bilhão não tem acesso a banheiro. O Brasil é um dos países com piores índices neste quesito: 7,2 milhões de brasileiros não possuem acesso ao vaso sanitário.

Ainda de acordo com órgãos internacionais, 3,5 milhões de mortes no mundo são decorrentes de problemas relacionados ao fornecimento inadequado de água todos os anos. A diarréia faz mais vítimas do que a AIDS, a malária e o sarampo juntos, em um número que atingi 2.195 óbitos ao dia. É a segunda causa de morte entre crianças de um mês a cinco anos de idade.  


Confira o calendário de matérias da série Litoral Esgotado
Quarta: Torres
Quinta: Capão da Canoa e Xangri-lá
Sexta: Tramandaí e Imbé
Sábado: Osório e Santo Antônio da Patrulha
Terça: Outros municípios

*Reportagem publicada originalmente no jornal Momento, em 6 de dezembro de 2014.