quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Festival traz bandas britânicas inéditas no Brasil


Lorenço Oliveira 

LN - O MECAFestival trará quatro shows internacionais ao Litoral Norte em 2015, sendo que três deles são inéditos no Brasil: o duo de synthpop La Roux, a dupla que bombou na internet AlunaGeorge e a mais recente promessa da cena indie Year&Years. Além dessas novidades, a banda Citizens! retorna ao lineup, após atuação na edição de 2013.

Elly Jackson, do duo La Roux vencedor de um Grammy Award (Foto: Divulgação)

Diferente das outras edições, o evento terá apenas um dia. Na esteira dos grandes festivais europeus e americanos, a festa começará cedo, às 17h, e termina de madrugada, às 2h. O local, pela quinta vez seguida, será o Fazenda Pontal Resort, à beira da lagoa das Malvas (Km 2,5 da ERS-407, trecho entre Morro Alto e Capão da Canoa).


Aluna Francis e George Reid formam o AlunaGeorge (Foto: Divulgação)

Years&Years: Mikey Goldsworthy, Olly Alexander e Emre Turkmen (Foto: Divulgação)

Além do Litoral Norte, o festival terá edições no Rio de Janeiro (18/01) e em São Paulo (24/01). O MECA prevê ainda edições em Londres e Nova York. O evento é realizado por uma rede de grupos de comunicação e entretenimento formado pela Todos e a Slash/Slash. Outros parceiros são a Box 1824, Flag.Cx e o Grupo8ito.

Pela segunda vez no MECA, o quinteto Citizens! (Foto: Divulgação) 

O primeiro lote de ingressos (R$ 100,00) já está à venda pelo site BlueTicket (com taxa de conveniência de R$ 10,00). Há pontos de venda em Porto Alegre, nas lojas YOUCOM, dos shoppings Praia de Belas, Barra Shopping Sul, Bourbon Ipiranga e Wallig. O evento terá openbar (bebida liberada) de cerveja.

Serviço MECAFestival
Shows: La Roux, AlunaGeorge, Citizens! e Years&Years
Quando – sábado, 17 de janeiro de 2015 (17h-2h)
Onde – Fazenda Pontal Resort (km 2,5 da ERS-407)
Quanto – R$ 100,00 (1º lote), R$ 135,00 (2ºlote) e R$ 165,00 (3º lote)




*Matéria publicada na contracapa do jornal Momento no dia 29 de novembro de 2014.

“FHC liberou na alfândega”, diz ex-presidente do Lions Club de Imbé

O ex-presidente do extinto Lions Club de Imbé Armando Micelli conta que o ex-Presidente da República deu carta branca em 1997 para liberação de raio-x alemão

Lorenço Oliveira

IMBÉ – O primeiro aparelho de radiologia do Posto de Saúde 24 horas de Imbé foi liberado na alfândega do Rio de Janeiro pelo ex-Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em 1997. É o que diz o ex-presidente do extinto Lions Club de Imbé Armando Micelli, que estava à frente do processo na época.

O equipamento ficou embargado no Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim (Galeão) por cerca de dois anos. Por se tratar de uma doação feita pelo Lions Club de Berlin, na Alemanha, o aparelho não possuía Guia de Importação. “Enviei uma carta ao então presidente [FHC] pedindo que deixasse que o raio-x chegasse a Imbé. E no mesmo dia ele liberou”, relata Micelli, que viu a atitude do ex-Presidente como uma ação oportunista durante a campanha de reeleição. “Era época de campanha, é óbvio que ele fez isso por voto e conseguiu”.

Armando Micelli foi presidente fundador da entidade em Imbé, quando começou o processo de doação do aparelho de raio-x pelo Lions Club de Berlin (LC 101), em 1993. “Era da Siemens. O mais moderno que tinha. Era móvel. Tu podia levar ele num leito”, recorda Micelli.

O Lions Club de Imbé foi extinto na gestão de 2012/2013.A ex-Governadora do Lions no distrito LD-3 Iara Zacher Corso foi quem pediu o fechamento do clube, por ter ultrapassado o limite mínimo de sócios. Aposentada da Petrobras, com quase 30 anos de leonismo, Iara se recorda bem do episódio do raio-x. “Foi uma luta conseguir este aparelho e o Lions não tinha condições de pagar as taxas de importação”.

O fim do Lions de Imbé, no entanto, não apagou a memória documental registrada em atas de reuniões durante anos e Iara conservou os arquivos do clube. O jornal Momento teve acesso a essa documentação e encontrou papeis que relatam a doação do equipamento de radiologia.

Reprodução de documento/Lions Club Imbé
De acordo com os documentos, datados de 15 de abril de 1995, o material doado foi “Um (1) aparelho portátil de R-X, Nanador 2 – Siemens AG” e “Um (1) revelador de Radiografia - Gevataic 60 AGFA”. Logo abaixo, uma observação: “NOTA: São, portanto, dois (2) volumes” [veja o detalhe 1].

Detalhe 1
O mesmo documento diz: “a) o aparelho de R-X deverá chegar até o fim do mês em curso” e “b) que está isento da Taxa de Importação e cuja liberação depende de Brasília” [veja o detalhe 2]. No entanto, como se viu na história, o aparelho levou pelo menos dois anos para ser liberado.

Detalhe 2
Durante a entrevista, Iara Corso encontra mais uma pista sobre o aparelho, em uma ata de reunião do dia 28 de abril de 1997. Na ocasião, o então prefeito Darcy Luciano Dias agradece pelo equipamento e entrega uma placa ao presidente do clube.

Em outra página, encontrada junto com as atas, duas fotos do aparelho foram anexadas (uma delas ilustra a capa desta edição). No cabeçário, novamente uma descrição do material doado, com especificações sobre o clube que fez a doação: “LC 101 de Berlim-Alemanha”. Na linha abaixo, aparece o nome do presidente Wolgrand Grund, “que remeteu para o BRASIL, através da ‘BRITISH AIRWAIS’”[veja o detalhe 3].


Reprodução de documento/Lions Club Imbé

Detalhe 3
Este último ofício é um provável recebimento pelo Lions Club de Imbé. Iara Corso não soube precisar o tipo do documento. Ao lado da foto, outro detalhe na vertical: “Valor dos aparelhos em 1994 (Duzentos mil reais)” [veja o detalhe 4].


Detalhe 4
*Reportagem publicada no jornal Momento no dia 27 de novembro de 2014.

Policia investiga contaminação de solo por tóxicos enterrados em parque

A suspeita é de que lixo hospitalar e outros produtos tóxicos tenham sido enterrados na área que fica próximo a um córrego

Lorenço Oliveira

IMBÉ – A Delegacia Especializada em Proteção e Defesa do Meio Ambiente (DEMA), em Porto Alegre, investiga há cerca de dois meses a ocorrência de um crime ambiental no Parque de Eventos Petronilho Luciano Dias, no distrito de Santa Terezinha, em Imbé. A suspeita é de que a área tenha servido de depósito clandestino de lixo hospitalar e produtos tóxicos do Posto de Saúde 24 horas do município.

O Parque de rodeios fica no distrito de Santa Terezinha, à margem da ERS-786, rodovia que liga a Estrada do Mar a Imbé. Em destaque o local exato onde foi enterrado o lixo tóxico e isolado pela prefeitura. Arte sobre Google Maps/ Lorenço Oliveira

A denúncia surgiu por volta de agosto de 2013, quando o então diretor do Parque de Eventos, Nei Jurandir Jacques de Souza, recebeu a notícia que funcionários do parque teriam desenterrado garrafas com um líquido transparente desconhecido. Nei constatou o fato in loco e seu irmão, o ex-gestor da prefeitura Guaraci Jacques de Souza, também foi ao local e tirou fotos.

Parte de garrafa de vidro escuro aparece enterrada no Parque de Eventos Foto Guaraci J. de Souza

A Vigilância Sanitária do município foi acionada para verificar. “Encontrei 2 ou 3 garrafas e comuniquei o delegado”, relata o chefe da Vigilância, Leandro Dias de Castro, mais conhecido como “Caco”. No entanto, Leandro duvida da autenticidade do material: “É possível que tenham colocado essas garrafas ali. Quando cheguei, elas já estavam fora da terra”.

O delegado titular de Imbé, Valeriano Garcia Neto, também constatou a presença de garrafas e vidros quebrados. “Eram muitas garrafas com um líquido transparente e sem identificação”, disse o delegado. “Encaminhamos a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que interditou a área com faixas”.

Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Imbé interditaram a área com possível contaminação Foto Guaraci J. de Souza
O Secretário de Meio Ambiente na época, o biólogo Pedro Terra Leite, também esteve no local. “Havia um cheiro muito forte. A hipótese é de que tenham enterrado medicamentos e outros produtos”, informa o biólogo.

O inquérito foi instaurado pela Policia Civil, mas ficou parado até setembro deste ano, quando Guaraci encaminhou um ofício ao delegado pedindo celeridade ao processo. Algumas semanas depois, o inquérito chegou ao DEMA, na capital. Segundo o delegado titular do município, Valeriano Garcia Neto, a delegacia de Imbé não tem condições de fazer uma análise no material coletado e passou o processo para uma especializada. “O DEMA vai investigar uma eventual contaminação do córrego que passa ali próximo”, explica o delegado.

A delegada titular do DEMA, Roberta Bertoldo da Silva, recebeu o inquérito em setembro e adiantou que esteve no parque para verificar o fato. Segundo a delegada, ainda não é possível constatar a ocorrência de crimes ambientais, como poluição e armazenagem irregular de produtos tóxicos (artigos 54 e 56 da Lei de Crimes Ambientais). “É óbvio que alguma coisa foi enterrada, mas vendo superficialmente não é possível provar tamanha repercussão do caso. Até porque já se passou muitos meses desde o fato”, declarou a titular. A delegada disse também que já solicitou ao IGP uma perícia no local.

*Reportagem publicada no jornal Momento no dia 27 de novembro de 2014.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Secretário Municipal da Saúde vai pedir sindicância para apurar informações sobre raio-x em Imbé

Equipamento radiológico doado em 1997 não possui registros oficiais; Ex-gestor suspeita que aparelho tenha sido enterrado em parque de rodeios

Lorenço Oliveira

IMBÉ – A Secretaria Municipal da Saúde de Imbé vai pedir a abertura de uma sindicância a fim de apurar informações sobre um aparelho de raio-x, do Posto de Saúde 24 horas. A máquina, doada pelo extinto Lions Club de Imbé em 1997, operou durante anos, mas não possui registros de entrada e saída no Setor de Patrimônio da prefeitura. O pedido de abertura do processo deve chegar à análise do prefeito no início da semana que vêm. Um ex-gestor da prefeitura suspeita que o equipamento de radiografia tenha sido enterrado no Parque de Eventos Petronilho Luciano Dias, no distrito de Santa Terezinha, onde é realizado o rodeio municipal.

O Momento pediu através da Lei de Acesso a Informação (N° 12.527 de 2011), informações sobre o antigo aparelho em 30 de outubro deste ano. Segundo o Secretário Municipal da Saúde, Leandro Candiago, o Setor de Patrimônio da prefeitura declarou que “nada consta nos registros do setor” e que “não havia o hábito de comunicar as doações nesta época, visto também que não existia a Lei de Responsabilidade Fiscal [Lei Complementar N° 101, de 2000]”.

Com a inexistência de documentação sobre o respectivo aparelho, Candiago pretende encaminhar um processo de sindicância ao Prefeito de Imbé, Pierre Emerim da Rosa (PT). “O pedido será feito até o final dessa semana e devemos ter uma posição do prefeito no início da semana que vêm”, disse ontem o secretário.

Raio-x foi doado ao município pelo extinto Lions Club de Imbé. O jornal Momento teve acesso com exclusividade ao documento com foto anexada. Reprodução de documento/Lions Club Imbé
A denúncia de que o aparelho de raio-x, doado pelo Lions Club de Imbé em 1997, não teria registros oficiais na prefeitura foi feita pelo ex-gestor municipal e atual presidente do Partido da República (PR) em Imbé, Guaraci Jacques de Souza. “Onde foi parar esse raio-x? Este aparelho é controlado pelo CNEN [Comissão de Energia Nuclear] e precisa ter registros de tombamento, se foi vendido ou se foi a leilão”, protesta Guaraci. “A minha suspeita é de que esse aparelho está enterrado no parque de rodeios, por que já foram encontrados outros lixos enterrados lá”.

A inexistência de documentação no Setor de Patrimônio da prefeitura de Imbé levanta a suspeita de Guaraci. No entanto, o ex-gestor não possui provas de que o aparelho tenha realmente sido enterrado.

A comparação com o acidente radiológico ocorrido em Goiânia em 1987, conhecido como “o acidente com Césio 137”, é comum, e Guaraci utiliza deste argumento para polemizar ainda mais o assunto. Naquela ocasião, um aparelho de radioterapia foi encontrado num ferro-velho e desmontado, liberando a substância radioativa. A contaminação afetou 1.600 pessoas e matou 104. O episódio foi considerado o maior acidente radioativo do mundo fora de usina nucleares.

O acidente em Goiânia envolveu um equipamento de radioterapia, comum em tratamento de câncer, o que é diferente do raio-x. A pesquisadora titular do escritório do CNEN em Porto Alegre, Ana Maria Xavier, garante que “o aparelho de raio-x não possui material radioativo e não emite radiação quando desligados”. Para a pesquisadora, caso se configurasse um problema, não seria radiológico, mas químico. “O fluido de refrigeração usado nos equipamentos de raio-x mais antigos pode ter sido o Ascarel, que tem propriedades tóxicas”, complementa.

Conflito político

Guaraci concorreu a vereador de Imbé em 2004 pela coligação PR, PDT, PT, PL e PFL, mas não foi eleito. Em 2012, com a vitória de Pierre Emerim da Rosa (PT), tornou-se assessor no setor de contratos de convênios da prefeitura.

Nei Jurandir Jacques de Souza, irmão de Guaraci e também do PR, entrou como diretor do Parque de Eventos Petronilho Luciano Dias. Jorge Luiz Ferreira, outro membro do PR, que ficou de suplente nas eleições para a Câmara de Vereadores, em 2012, tornou-se guarda noturno do parque.

Após um ano e três meses, o PR rompeu com a prefeitura.Guaraci, Nei e Jorge saíram. Outros dois membros do PR, um eletricista e um fotógrafo continuaram com os cargos. “Saímos por que não havia mais condições. Tem muita coisa errada”, protestou Nei.

A partir daí, Guaraci tornou-se um ativo agitador de denúncias sobre as questões envolvendo o Parque de Eventos. Em 11 de agosto deste ano, o ex-gestor denunciou o fato ao Ministério Público Federal, encaminhando um ofício ao Procurador Geral da República em Capão da Canoa, Felipe da Silva Muller. A denúncia foi repassada ao Ministério Público de Tramandaí, que está sendo analisada pelo Promotor de Justiça Antonio Metzger Képes.

Além de denúncias formais, Guaraci também divulga em sua página no Facebook dezenas de ofícios e resumos sobre a possibilidade de crime ambiental e contaminação por Césio 137 pelo suposto sumiço do aparelho de raio-x.


Em um compartilhamento da rede social, a técnica de radiologia Andréa Pereira faz o questionamento ao Prefeito municipal Pierre Emerim da Rosa. O executivo respondeu, em 4 de outubro, “Sem comentários, notícia com resquício de loucura”.

Em página do Facebook, Prefeito de Imbé se manifesta sobre denúncias de Guaraci. Reprodução do Facebook modificada/Lorenço Oliveira 
*Reportagem publicada no jornal Momento no dia 27 de novembro de 2014.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Osório: Taxa de homicídios é a maior em 12 anos

Brigada Militar em Osório acredita que maior parte dos assassinatos são ligados a disputas de tráfico de drogas

Lorenço Oliveira

OSÓRIO - De janeiro a setembro deste ano foram registrados doze assassinatos em Osório. O número é seis vezes maior que no mesmo período em 2013. Em relação ao total do ano passado (quatro homicídios), é o triplo. A informação é da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Rio Grande do Sul, que divulgou ontem (5) um balanço dos indicadores criminais dos nove primeiros meses do ano. É o pior desempenho desde 2002, quando começaram a ser contabilizados os dados.

No Litoral Norte, Osório é o município com o maior número absoluto de homicídios. Capão da Canoa e Tramandaí registraram onze assassinatos cada um, nos três primeiros trimestres do ano. Em seguida vem Torres com oito e Balneário Pinhal com seis.

Segundo a SSP, neste ano, os homicídios em Osório começaram em fevereiro, com dois assassinatos. Em março, o número disparou para sete. Em abril, aumentou para nove. Maio, julho e setembro tiveram um homicídio em cada mês.

Para o Major Comandante do 8° Batalhão da Brigada Militar (BPM), Valdeci Antunes dos Santos, este número não espanta. “A maior parte destes homicídios são ligados a disputa de tráfico de drogas e alguns de retaliações de ações passadas”, explica o Major. Informado sobre números de outros anos, Santos vê uma diferença nos números de 2008. Segundo a SSP, foram registrados apenas dois assassinatos. “Com certeza foi mais do isso. Pois houve muitas prisões neste ano. Mas a diferença é compreensível, pois as fontes variam muito”, informa.

Os índices de roubos e furtos de veículos também aumentaram. Entre janeiro e setembro, houve um aumento de 43%, de 67 para 99. No entanto, houve uma redução de 28% em outros roubos e furtos, de 1013 para 733.

Em todo o Estado, o índice de homicídios dolosos cresceram 19,6% em relação aos três trimestres do ano passado. Foram 1.697 assassinatos neste critério, contra 1.419 de 2013. Com relação aos latrocínios (roubos seguidos de morte), houve uma redução de 19%, de 105 casos para 85.

*Matéria publicada na edição de 6 de novembro do jornal Momento.