Tratamento de esgoto em Capão da Canoa é através de bacias de infiltração. Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan |
Lorenço Oliveira
CAPÃO DA CANOA
– Os caponenses possuem a melhor rede de esgotos do Litoral Norte. No
entanto, poderia ser melhor, se a nova estação de tratamento de esgoto Guarany,
prevista há anos, estivesse pronta. A verticalização do município provocado
pelo crescimento imobiliário pressiona os órgãos públicos, mas o impasse segue
sem definição.
A história do esgotamento sanitário em Capão da Canoa é
semelhante a de Torres. Na década de 1990, o Ministério Público Federal
embargou a construção civil no município por falta de sistema de esgoto
adequado. Assim que as ETEs foram ampliadas, o setor voltou a crescer.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), a população de Capão da Canoa atingiu em 46.467 em 2014. Segundo
estimativa da prefeitura, no entanto, a cidade chega a comportar 400 mil
turistas durante o veraneio.
Os caponenses vivem com uma cobertura de coleta de esgoto de
57% da cidade (20.507 economias), segundo informações da Companhia Riograndense
de Saneamento (Corsan). O esgoto sanitário é coletado, encaminhado para duas
estações de bombeamento (EBE) e recalcado para as duas estações de tratamento
de efluentes (ETEs São Jorge e Araçá). Diferente de Torres, as ETEs de Capão da
Canoa são compostas por bacias de infiltração, por tanto, não despejam
efluentes em rios ou lagoas.
Capão da Canoa assistiu nos últimos anos um crescimento
exponencial da construção civil, o que muitos chamaram de “boom” do setor. De
acordo com a Associação dos Construtores e Incorporadores da Construção Civil
de Capão da Canoa (Associc), o setor é responsável por 70% da geração de
empregos (diretos e indiretos) no município. Na semana passada, o prefeito
Valdomiro Novaski informou na Rádio Gaúcha que atualmente há uma média de 45
prédios sendo construídos na cidade.
Loteamentos privados
Além dos edifícios, o município passou a receber também os
empreendimentos de condomínios horizontais de luxo. São áreas privadas que
possuem segurança 24 horas, ruas pavimentadas, salões de eventos, piscinas,
quadras de tênis, lagos artificiais e, é claro, esgoto tratado.
Atualmente, de acordo com a Secretaria de Meio Ambiente e
Planejamento de Capão da Canoa, seis condomínios estão instalados na área do
município, e há, pelo menos, mais quatro projetos sendo estudados para os
próximos anos.
A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) faz
exigências diferenciadas para cada condomínio horizontal. Em tese, os
empreendimentos precisam estar ligados através de uma a rede separadora
absoluta. O Condado de Capão, do grupo Capão Novo, é o único que segue essa
linha.
Já o condomínio Velas da Marina, do grupo Marina Park,
localizado à margem da ERS-389 (Estrada do Mar), possui licença para aplicar o
sistema de fossas e sumidouros, em que a manutenção é feita por caminhões
limpa-fossas. A explicação do arquiteto concursado da Secretaria de Meio
Ambiente e Planejamento, João Batista Canani, é de que o solo naquela região
possui o lençol freático muito baixo.
O mesmo ocorreu na licença ambiental dos dois condomínios
instalados mais recentemente em Capão, os Ilhas Resort 1 e 2. O empreendimento
da incorporadora Beralv possui áreas nos dois lados da Estrada do Mar
(ERS-389), com características de solo semelhantes ao Velas da Marina.
Segundo Canani, o condomínio Dubai Resort, da M.Grupo, ainda
não possui licença ambiental e, por tanto, não pode construir em sua área. “O
que ocorreu, no entanto, foi uma flexibilização por parte da Fepam que limitou
a construção de até 30 unidades. Já o Costa Serena, da Idealiza e Wagnerpar,
ainda não possui nenhum tipo de licença para construir casas”, informa o
arquiteto.
Homens trabalhando?
Capão da Canoa passou nos últimos anos por obras de
saneamento básico, como esgoto e água encanada. Foram abertas vias em diversos
bairros para a instalação de tubulações, no entanto, o esgoto das casas não
está ligado a rede. O motivo? O projeto da nova estação de tratamento ainda não
foi aprovado pela Fepam.
A Fundação segue discutindo com a Corsan e o município sobre o destino final dos efluentes. O investimento, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é de R$ 27 milhões, mas continua sem licitação. A obra da nova ETE Guarany (chamada anteriormente de nova Araçá) possui apenas um gradil em seu perímetro. A expectativa é de saltar a cobertura da rede coletora de 57% para 80%.
A Corsan não tem previsão de quando será iniciada esta obra
e a Fepam não deu resposta sobre o tema até a data desta publicação.
“Capital dos condomínios”
Mais recente estação de tratamento de esgoto de Xangri-lá foi construída por consórcio de construtoras de condomínios fechados. Foto: Assessoria de Comunicação Social/Corsan |
Lorenço Oliveira
XANGRI-LÁ
– A população residente xangrilense chegou a 13.951 em 2014, de acordo com o
IBGE. A Corsan contabiliza atualmente 17.730 economias, das quais 3.616 possuem
ligação a rede de esgoto (20,39%). No entanto, esse percentual é
predominantemente de condomínios fechados de luxo. O município possui
atualmente 31 conjuntos residenciais, sendo que três estão em construção e
outros três ainda não foram implantados. Na gestão de 2009/2012, a prefeitura de Xangri-lá se declarou
publicamente como a “capital dos condomínios”.
A maioria destes empreendimentos estão ligados a estação de
tratamento de efluentes (ETE 2), construída em 2010 por uma associação de
condomínios. “Foi um consórcio de investidores que reuniu recursos. Sendo que
eles entraram com uma parte e a Corsan com outra parte. Ao invés de cada
condomínio construir uma estação individual, se construiu uma grande estação
coletiva”, explica o Chefe de Operação e Manutenção Regional da Corsan no
Litoral Norte, Rodrigo Lupin.
A ETE realizada pelas construtoras é operada pela Corsan, e
o município possui uma cota de 1.000 unidades para residências fora dos
conjuntos privados. Segundo o Diretor de Meio Ambiente de Xangri-lá, Evandro Arcaro,
o restante da cidade opera com estações compactas em cada residência, de acordo
com lei.
“Consiste em uma caixa de gordura, fossa asséptica, reator
anaeróbio e filtro anaeróbio. A infiltração do solo com baixa concentração de
matéria ocorre de duas formas: ou por sumidouro ou canteiro de transpiração”,
explica o Arcaro. No entanto, o diretor informa que a norma limitou a regra
apenas para casas a 300
metros a partir das dunas em direção ao continente.
Além deste sistema, Xangri-lá possui uma ETE menor, mais
conhecida como Figueirinha. No entanto, é precária, e atende prioritariamente
os moradores da Vila Figueirinha, uma ocupação existente há anos nos limites da
cidade.
Recursos para
ampliação
A Prefeitura de Xangri-lá conseguiu captar recursos do PAC
para ampliar as atuais ETEs. De acordo com o site do PAC, a obra de implantação
do sistema de esgoto tratado compreende as bacias 4A, 5A, e Av. Paraguassú.
Além de uma rede coletora, estação elevatória de esgoto, ETE e ligações
domiciliares. O investimento total previsto, segundo a Corsan, é de R$ 19,1
milhões.
Atualmente, quem passa pelas ruas de Xangri-lá pode observar
o trabalho de abertura de ruas, para a implantação de 13,6 km de tubulação, além
dos ramais prediais e caixas de calçada. Esta primeira fase teve Ordem de
início no dia 14 de outubro de 2013 e tem previsão de conclusão em 720 dias.
Durante o verão, as obras devem ser paralisadas.
Na edição de amanhã,
confira como estão os municípios de Tramandaí e Imbé
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