quarta-feira, 25 de março de 2015

Hospital de Osório: sem emergência e sem salários

Presidente Francisco Moro admite erros que atrasaram obra do setor de emergência e avisa que não tem verba para pagar folha dos funcionários de março

Em visita ao hospital, vereadores ouviram o desabafo do presidente Moro: “dia 1º de março eu vou embora”. Foto: Lorenço Oliveira/Momento

Lorenço Oliveira

OSÓRIO – O presidente da Associação Beneficente São Vicente de Paulo está cansado. Francisco Moro não vê a hora de sair de seu cargo à frente do Hospital de Osório (segundo suas contas, faltam 11 meses e 6 dias). Advogado e contador, o ex-secretário da Fazenda do município tenta equilibrar as finanças da instituição e admite: “este trabalho não é para amadores”.

O setor de emergência do Hospital de Osório não tem data para reabrir. A previsão dada pela prefeitura e pelo presidente da instituição era de que as obras estariam concluídas em março. No entanto, Moro atualizou a situação da reforma nesta terça-feira (24), em encontro com vereadores: “praticamente pronto, mas está tudo sem energia”.

Segundo o presidente, o problema central é que a interligação da nova subestação de energia ainda não foi realizada. O motivo: o projeto não havia sido protocolado na Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE).

“Há 30 dias foi dada a Ordem de Início das obras, mas a empresa não assinou, pois o projeto não havia passado ainda pela CEEE”, explicou Moro, que informou também que o protocolo foi feito apenas na última segunda-feira (23).

As explicações de Moro foram ouvidas por quatro vereadores que visitaram o hospital ontem: Rossano Teixeira (PP), Ed Moraes (PMDB), Lelly (PDT) e Belinha (PDT).  Eles percorreram diversos pontos da reforma no hospital, que reestruturou dois novos blocos e ampliou a urgência. O setor administrativo e o auditório também receberam uma cara nova. Agora, o presidente aguarda a avaliação da companhia de energia, mas não prevê quando tudo estará pronto.

Bancada pela prefeitura, a emergência é a obra mais aguardada pela comunidade osoriense, em razão da precariedade que se encontra o atendimento do Posto de Saúde Central. Desde a interdição do São Vicente de Paulo, que durou oito meses, os casos urgentes em Osório passaram para o postão. Apesar do pessoal do hospital ter sido realocado para lá, o local está sobrecarregado.

Março irá atrasar, diz Moro

“Todos sabem que a verba da prefeitura vem reduzindo. Se a prefeitura não colaborar, tem que fechar [o hospital]”, indigna-se Moro, que mostrou aos vereadores uma tabela com saldos bancários do hospital. Dinheiro em caixa: R$ 313.478,91. “A folha é 500 mil, não tem como pagar março”.

Ainda durante a visita, o vereador Ed Moraes, da bancada do mesmo partido do governador (PMDB), informou que o Estado não tem condições de ajudar agora, “mas [a secretaria da Saúde] sinalizou que há uma verba atrasada de R$ 600 mil que poderá vir”, disse Moraes.

No início do ano, o governo do Estado conseguiu desembolsar um recurso extraordinário de R$ 1 milhão, para pagamento de salários atrasados de dezembro e janeiro. Questionado pelo vereador do PMDB sobre como fez para pagar o mês de fevereiro, Moro respondeu: “fevereiro foi um milagre”.

ICMS baixo assustam prefeito e vereador

“Nós temos que pensar numa forma de financiamento, por que do jeito que tá, não dá”, opinava o vereador Rossano Teixeira. Da base aliada ao prefeito, Teixeira disse ainda que “se esgotaram todas as formas da prefeitura ajudar mais o hospital”.

Como argumento, o vereador citou o baixo desempenho da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) nesta terça-feira (24): “Eu e o prefeito tomamos um susto hoje [ontem] pela manhã quando chegou o ICMS: apenas R$ 542. Esperávamos R$ 1,3 milhão”, contou o vereador do PP.

O secretário da Fazenda de Osório, Soly Jacinto Dutra, confirmou o valor do imposto informado por Rossano, mas esclareceu: “Na verdade nós recebemos R$ 245 mil, mas nessa semana houve retenção, onde foram pagos parcelamentos do IPE, INPS, CEEE etc”. Soly disse que foi não foi uma surpresa, pois sabia que o Estado arrecadaria menos imposto e prevê uma arrecadação melhor para abril, em razão da safra da soja. “Esperamos uma arrecadação de R$ 900 mil a 1 milhão nos próximos meses”, concluiu Soly.

*Reportagem publicada na capa do jornal Momento em 25 de março de 2015 

Nenhum comentário:

Postar um comentário