Presidente Francisco Moro admite erros que atrasaram
obra do setor de emergência e avisa que não tem verba para pagar folha dos
funcionários de março
Em visita ao hospital, vereadores ouviram o desabafo do presidente Moro: “dia 1º de março eu vou embora”. Foto: Lorenço Oliveira/Momento |
Lorenço
Oliveira
OSÓRIO
– O presidente da Associação Beneficente São Vicente de Paulo está cansado. Francisco
Moro não vê a hora de sair de seu cargo à frente do Hospital de Osório (segundo
suas contas, faltam 11 meses e 6 dias). Advogado e contador, o ex-secretário da
Fazenda do município tenta equilibrar as finanças da instituição e admite: “este
trabalho não é para amadores”.
O setor de emergência do Hospital de Osório não tem
data para reabrir. A previsão dada pela prefeitura e pelo presidente da
instituição era de que as obras estariam concluídas em março. No entanto, Moro
atualizou a situação da reforma nesta terça-feira (24), em encontro com
vereadores: “praticamente pronto, mas está tudo sem energia”.
Segundo o presidente, o problema central é que a
interligação da nova subestação de energia ainda não foi realizada. O motivo: o
projeto não havia sido protocolado na Companhia Estadual de Energia Elétrica
(CEEE).
“Há 30 dias foi dada a Ordem de Início das obras,
mas a empresa não assinou, pois o projeto não havia passado ainda pela CEEE”,
explicou Moro, que informou também que o protocolo foi feito apenas na última
segunda-feira (23).
As explicações de Moro foram ouvidas por quatro
vereadores que visitaram o hospital ontem: Rossano Teixeira (PP), Ed Moraes
(PMDB), Lelly (PDT) e Belinha (PDT).
Eles percorreram diversos pontos da reforma no hospital, que
reestruturou dois novos blocos e ampliou a urgência. O setor administrativo e o
auditório também receberam uma cara nova. Agora, o presidente aguarda a
avaliação da companhia de energia, mas não prevê quando tudo estará pronto.
Bancada pela prefeitura, a emergência é a obra mais
aguardada pela comunidade osoriense, em razão da precariedade que se encontra o
atendimento do Posto de Saúde Central. Desde a interdição do São Vicente de
Paulo, que durou oito meses, os casos urgentes em Osório passaram para o
postão. Apesar do pessoal do hospital ter sido realocado para lá, o local está
sobrecarregado.
Março
irá atrasar, diz Moro
“Todos sabem que a verba da prefeitura vem
reduzindo. Se a prefeitura não colaborar, tem que fechar [o hospital]”,
indigna-se Moro, que mostrou aos vereadores uma tabela com saldos bancários do
hospital. Dinheiro em caixa: R$ 313.478,91. “A folha é 500 mil, não tem como
pagar março”.
Ainda durante a visita, o vereador Ed Moraes, da
bancada do mesmo partido do governador (PMDB), informou que o Estado não tem
condições de ajudar agora, “mas [a secretaria da Saúde] sinalizou que há uma
verba atrasada de R$ 600 mil que poderá vir”, disse Moraes.
No início do ano, o governo do Estado conseguiu
desembolsar um recurso extraordinário de R$ 1 milhão, para pagamento de
salários atrasados de dezembro e janeiro. Questionado pelo vereador do PMDB sobre
como fez para pagar o mês de fevereiro, Moro respondeu: “fevereiro foi um
milagre”.
ICMS
baixo assustam prefeito e vereador
“Nós temos que pensar numa forma de financiamento,
por que do jeito que tá, não dá”, opinava o vereador Rossano Teixeira. Da base
aliada ao prefeito, Teixeira disse ainda que “se esgotaram todas as formas da
prefeitura ajudar mais o hospital”.
Como argumento, o vereador citou o baixo desempenho
da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS)
nesta terça-feira (24): “Eu e o prefeito tomamos um susto hoje [ontem] pela
manhã quando chegou o ICMS: apenas R$ 542. Esperávamos R$ 1,3 milhão”, contou o
vereador do PP.
O secretário da Fazenda de Osório, Soly Jacinto
Dutra, confirmou o valor do imposto informado por Rossano, mas esclareceu: “Na
verdade nós recebemos R$ 245 mil, mas nessa semana houve retenção, onde foram
pagos parcelamentos do IPE, INPS, CEEE etc”. Soly disse que foi não foi uma
surpresa, pois sabia que o Estado arrecadaria menos imposto e prevê uma
arrecadação melhor para abril, em razão da safra da soja. “Esperamos uma
arrecadação de R$ 900 mil a 1 milhão nos próximos meses”, concluiu Soly.
*Reportagem publicada na capa do jornal Momento em 25 de março de 2015
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