quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Policia investiga contaminação de solo por tóxicos enterrados em parque

A suspeita é de que lixo hospitalar e outros produtos tóxicos tenham sido enterrados na área que fica próximo a um córrego

Lorenço Oliveira

IMBÉ – A Delegacia Especializada em Proteção e Defesa do Meio Ambiente (DEMA), em Porto Alegre, investiga há cerca de dois meses a ocorrência de um crime ambiental no Parque de Eventos Petronilho Luciano Dias, no distrito de Santa Terezinha, em Imbé. A suspeita é de que a área tenha servido de depósito clandestino de lixo hospitalar e produtos tóxicos do Posto de Saúde 24 horas do município.

O Parque de rodeios fica no distrito de Santa Terezinha, à margem da ERS-786, rodovia que liga a Estrada do Mar a Imbé. Em destaque o local exato onde foi enterrado o lixo tóxico e isolado pela prefeitura. Arte sobre Google Maps/ Lorenço Oliveira

A denúncia surgiu por volta de agosto de 2013, quando o então diretor do Parque de Eventos, Nei Jurandir Jacques de Souza, recebeu a notícia que funcionários do parque teriam desenterrado garrafas com um líquido transparente desconhecido. Nei constatou o fato in loco e seu irmão, o ex-gestor da prefeitura Guaraci Jacques de Souza, também foi ao local e tirou fotos.

Parte de garrafa de vidro escuro aparece enterrada no Parque de Eventos Foto Guaraci J. de Souza

A Vigilância Sanitária do município foi acionada para verificar. “Encontrei 2 ou 3 garrafas e comuniquei o delegado”, relata o chefe da Vigilância, Leandro Dias de Castro, mais conhecido como “Caco”. No entanto, Leandro duvida da autenticidade do material: “É possível que tenham colocado essas garrafas ali. Quando cheguei, elas já estavam fora da terra”.

O delegado titular de Imbé, Valeriano Garcia Neto, também constatou a presença de garrafas e vidros quebrados. “Eram muitas garrafas com um líquido transparente e sem identificação”, disse o delegado. “Encaminhamos a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que interditou a área com faixas”.

Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente de Imbé interditaram a área com possível contaminação Foto Guaraci J. de Souza
O Secretário de Meio Ambiente na época, o biólogo Pedro Terra Leite, também esteve no local. “Havia um cheiro muito forte. A hipótese é de que tenham enterrado medicamentos e outros produtos”, informa o biólogo.

O inquérito foi instaurado pela Policia Civil, mas ficou parado até setembro deste ano, quando Guaraci encaminhou um ofício ao delegado pedindo celeridade ao processo. Algumas semanas depois, o inquérito chegou ao DEMA, na capital. Segundo o delegado titular do município, Valeriano Garcia Neto, a delegacia de Imbé não tem condições de fazer uma análise no material coletado e passou o processo para uma especializada. “O DEMA vai investigar uma eventual contaminação do córrego que passa ali próximo”, explica o delegado.

A delegada titular do DEMA, Roberta Bertoldo da Silva, recebeu o inquérito em setembro e adiantou que esteve no parque para verificar o fato. Segundo a delegada, ainda não é possível constatar a ocorrência de crimes ambientais, como poluição e armazenagem irregular de produtos tóxicos (artigos 54 e 56 da Lei de Crimes Ambientais). “É óbvio que alguma coisa foi enterrada, mas vendo superficialmente não é possível provar tamanha repercussão do caso. Até porque já se passou muitos meses desde o fato”, declarou a titular. A delegada disse também que já solicitou ao IGP uma perícia no local.

*Reportagem publicada no jornal Momento no dia 27 de novembro de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário