Carta do Editor | Lorenço Oliveira
Para alguns, Caputi jogou como um
político de oposição, dando cheque no rei. Para outros, Caputi jogou como um político
irresponsável, dando golpe baixo. Para mim, Caputi acendeu dois pontos essenciais
no jornalismo: ética e credibilidade.
A polêmica da semana começou na
segunda-feira (6), quando Roger Caputi (PMDB) provocou a bancada da situação
sobre a exposição do nome do prefeito Eduardo Abrahão (PDT) numa lista de políticos
envolvidos com o Cartel do Lixo, investigado pela Operação Conexion, do
Ministério Público.
O documento que cita políticos é de
extrema relevância. No entanto, é importante ter cuidado na divulgação, ainda
mais, em uma cidade relativamente pequena como Osório. Caputi procurou tirar a
limpo a veracidade da coisa e se surpreendeu que a imagem veiculada em blogs realmente
consta nos autos.
A página 62, mencionada pelo vereador,
é um esboço feito por um delator de Arroio do Sal, que sentiu necessidade de
contribuir com as investigações. No Momento
de quarta-feira (8), publiquei que o documento não tem relação com a Operação
Conexion. A assessoria de comunicação do Ministério Público disse que o
documento é suspeito, pois nenhum dos citados está nas denúncias do mês passado.
Eu, como jornalista, também duvidei da veracidade, visto que ao consultar o
histórico do blog que inicialmente vazou a imagem, a postagem não existe mais.
Não compactuo em fazer este tipo de
jornalismo, que espinafra acusações ao vento e depois retirar as coisas do ar.
Isso tira a credibilidade da informação. Também não acho ético dar ferramentas
a políticos. Alguns acreditam que Caputi deu tiro no pé, ao embarcar nesta
história, visto que trabalha na empresa de coleta de lixo de Osório. O prefeito
utilizou isso para rebater a crítica e saiu feliz.
O que quero deixar claro aqui é que,
para ser levado a sério como jornalista, devo me assegurar para não embarcar em
histórias infundadas. Apesar da máxima “onde há fumaça, há fogo”, o documento
utilizado por Caputi está no primeiro volume de um processo que possui vinte. É
uma página de três mil. A suposta delação não gerou consequências e pode ser
encarada como fogo de palha.
Se o Ministério Público está na cola
de Abrahão, não sabemos. Por enquanto, não há, concretamente, políticos
envolvidos no esquema. O Momento não
pretende esquecer o assunto, mas também não vai fazer injustiças.
* Carta publicada na página 2 do jornal Momento do dia 10 de abril de 2015.
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