sexta-feira, 10 de abril de 2015

Ética e Credibilidade

Carta do Editor | Lorenço Oliveira

Para alguns, Caputi jogou como um político de oposição, dando cheque no rei. Para outros, Caputi jogou como um político irresponsável, dando golpe baixo. Para mim, Caputi acendeu dois pontos essenciais no jornalismo: ética e credibilidade.

A polêmica da semana começou na segunda-feira (6), quando Roger Caputi (PMDB) provocou a bancada da situação sobre a exposição do nome do prefeito Eduardo Abrahão (PDT) numa lista de políticos envolvidos com o Cartel do Lixo, investigado pela Operação Conexion, do Ministério Público.

O documento que cita políticos é de extrema relevância. No entanto, é importante ter cuidado na divulgação, ainda mais, em uma cidade relativamente pequena como Osório. Caputi procurou tirar a limpo a veracidade da coisa e se surpreendeu que a imagem veiculada em blogs realmente consta nos autos.

A página 62, mencionada pelo vereador, é um esboço feito por um delator de Arroio do Sal, que sentiu necessidade de contribuir com as investigações. No Momento de quarta-feira (8), publiquei que o documento não tem relação com a Operação Conexion. A assessoria de comunicação do Ministério Público disse que o documento é suspeito, pois nenhum dos citados está nas denúncias do mês passado. Eu, como jornalista, também duvidei da veracidade, visto que ao consultar o histórico do blog que inicialmente vazou a imagem, a postagem não existe mais.

Não compactuo em fazer este tipo de jornalismo, que espinafra acusações ao vento e depois retirar as coisas do ar. Isso tira a credibilidade da informação. Também não acho ético dar ferramentas a políticos. Alguns acreditam que Caputi deu tiro no pé, ao embarcar nesta história, visto que trabalha na empresa de coleta de lixo de Osório. O prefeito utilizou isso para rebater a crítica e saiu feliz.

O que quero deixar claro aqui é que, para ser levado a sério como jornalista, devo me assegurar para não embarcar em histórias infundadas. Apesar da máxima “onde há fumaça, há fogo”, o documento utilizado por Caputi está no primeiro volume de um processo que possui vinte. É uma página de três mil. A suposta delação não gerou consequências e pode ser encarada como fogo de palha.

Se o Ministério Público está na cola de Abrahão, não sabemos. Por enquanto, não há, concretamente, políticos envolvidos no esquema. O Momento não pretende esquecer o assunto, mas também não vai fazer injustiças.

* Carta publicada na página 2 do jornal Momento do dia 10 de abril de 2015.

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