segunda-feira, 16 de março de 2015

Motorista embriagado é liberado por falta de provas testemunhais

Policial Rodoviário viu embriaguez de motorista, mas não relatou características à delegacia


Ex-fuzileiro naval, Abimael Raimundo, de 63 anos, que se negou a fazer o teste do bafômetro, apresentava bafo e falava enrolado. Ele já havia sido pego por embriaguez. Foto: Lorenço Oliveira/Momento

Texto e fotos: Lorenço Oliveira

OSÓRIO – Um motorista visivelmente embriagado foi liberado nesta quinta-feira (12), após se envolver em um acidente no entroncamento da Estrada do Mar com a Avenida Santos Dumont, em Osório. O ex-fuzileiro naval Abimael Raimundo, de 63 anos, foi encaminhado à delegacia de Policia Civil, mas não foi preso. O motivo: o Policial Rodoviário não relatou a embriaguez na ocorrência de trânsito.

Siena, com placas de Porto Alegre,
vinha pela Estrada do Mar (ERS-389)
no sentido Litoral/Capital.

Foto: Lorenço Oliveira/Momento
Gol, com placas de Palmitos (SC), vinha pela Avenida Santos Dumont
e tenta cruzar a Estrada do Mar (ERS-389).

Foto: Lorenço Oliveira/Momento







O acidente ocorreu pouco antes das 15h desta quinta-feira (12), no acesso da Estrada do Mar a Osorio. A colisão envolveu um Siena, de cor preta, com placas de Porto Alegre, e um Gol, de cor branca, com placas de Palmitos (SC).

De acordo com relatos de testemunhas, o motorista do Siena, Vilson Aparício Glaser, aposentado, de 60 anos, trafegava pela rodovia estadual quando colidiu com o Gol, que entrava na rótula de acesso. “Eu vinha a cerca de 70km/h e o cara não parou no acesso”, relatou o motorista do Siena. “Ele que bateu em mim”, retrucou o motorista do Gol.

O Corpo de Bombeiros de Osório foi o primeiro socorro a chegar ao local. A esposa de Glaser, Rosmaria Rocha Lima, de 55 anos, que estava no banco de carona, precisou de atendimento médico do SAMU. Ela foi encaminhada ao Posto de Saúde Central e depois liberada.

Soldados Medina e Arias prestaram atendimento a Rosmaria Rocha Lima, de 55 anos, que foi socorrida pelo SAMU para o Posto de Saúde e depois liberada sem traumas. Foto: Lorenço Oliveira/Momento
Durante o atendimento, os bombeiros soldados Medina e Arias constataram, assim como outros curiosos, o óbvio: O motorista do gol estava visivelmente embriagado, com bafo de álcool. “É todo o dia acidente aqui em Osório”, desabafou Medina. “E este ainda vai preso, certamente”.

Cerca de meia hora depois, a viatura da Polícia Rodoviária Estadual chegou ao local, dispensando assim a equipe dos bombeiros. O Sargento Winter e outro sargento colheram informações dos envolvidos e pediram para que eles fizessem o teste do etilômetro, vulgo bafômetro.

Vilson, o motorista do Siena, realizou três testes que apresentaram 0 % em todas as tentativas. Já o motorista do Gol, Abimael Raimundo, se negou a assoprar o equipamento. “Você sabe que irá responder por dirigir embriagado, não é? Pois você está com bafo!”, alertou o Sargento a Raimundo. 

Sargento Winter realizou três vezes o teste do bafômetro no aposentado Vilson Aparício Glaser. Em todas as tentativas o percentual apontou 0 %, ou seja, sem embriaguez. Foto: Lorenço Oliveira/Momento
Logo em seguida, o Sargento alertou mais uma vez o condutor: “Você não vai mesmo fazer o teste? Tudo bem. Vamos encaminhá-lo a delegacia, pois você é reincidente. Sua multa será de R$ 3.680”, disse Winter.

Os dois envolvidos foram encaminhados a Policia Civil para devidos registros. Em contato telefônico, o inspetor Brum relatou a ocorrência ao jornal Momento: “Não houve prisão, pois o Policial Rodoviário não testemunhou embriaguez”, informou o inspetor.

Após isso, o Momento tentou contato com a Policia Rodoviária de Osório, mas o Sargento Winter não quis falar por telefone. O Sargento Irajá disse que existe uma norma que impede dos Policiais Rodoviários de darem entrevista por telefone. “Eu não estava no local, então, não posso te dar algum relato do fato”, disse Irajá. O Sargento resumiu-se em dizer que as únicas provas para constatar a embriaguez de um indivíduo seria o exame clínico e o teste do etilômetro. “Há uma série de características que precisam ser observadas para dar fazer prova testemunhal, e certamente ele não estava nestas condições”, defendeu Irajá.

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