quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

#MECA: Cena indie londrina invade Litoral Norte

Em sua quinta edição, MECAFestival volta a Fazenda Pontal e contagia cerca de 5 mil pessoas com grupos ingleses e nacionais no último sábado (17), em Maquiné

Iluminação do La Roux tirou o rosto de Elly de evidência
Texto e fotos | Lorenço Oliveira

MAQUINÉ – Uma experiência musical única no Litoral Norte. “O maior menor festival de música do mundo”, como os organizadores do MECAFestival se intitulam, tornou-se a relíquia entre os grandes eventos que ocorrem na região. Não há nada parecido, pois não há governo que faça algo tão bem pensado e organizado. É claro que nem tudo são rosas. Mas no MECA, muitas foram as rosas neste último sábado (17) e podem servir como belos exemplos para eventos futuros.

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Primeira rosa: o local: Hotel Fazenda Pontal, localizado no km 2,5 da ERS-407, trecho que liga o distrito de Morro Alto a Xangri-Lá. Apesar da falta de sinalização aos visitantes, o acesso foi fácil e não apresentou grandes problemas. Muitas pessoas reclamaram que, por o evento ser de bebida liberada (open bar de cerveja), o deslocamento seria difícil. Não foi o que aconteceu. A grande maioria dos jovens decidiu utilizar transporte coletivo: táxis, vans, micro-ônibus e ônibus. Os preços variaram de R$ 20 a 70. Alguns fizeram bate e volta Porto Alegre-Maquiné.



É claro que teve aquele que não quis depender disso e foi com seu próprio veículo. Para a surpresa destes: blitz policial. A Policia Rodoviária e a “Balada Segura” estavam na boca da saída, que aconteceu por volta de 2h da madrugada. No entanto, algo que não é novidade se repetiu: flanelinhas cobravam a partir de R$ 100 para dirigir pelos donos dos carros, a fim de passar pelas barreiras.

Segunda rosa: artistas de alta qualidade. O prodígio Erick Endres abriu os trabalhos no palco às 17h. O filho do guitarrista da banda gaúcha Comunidade Nin-JitSu, Fredi Endres, arrepiou quem não esperava por um rock puro e de altíssimo nível. O som de Erick, que está para completar 18 anos, é basicamente autoral, mas seu show no MECA ainda contou com um cover de John Frusciante, um de seus ídolos junto com Jimi Hendrix e Jack White.

Em razão do trio inglês Years&Years estar finalizando um álbum em Londres, duas bandas nacionais entraram no lugar. E não deixaram a desejar. O Mahmundi e o Boogarins agitaram o público exigente do MECA.

Boogarins

Terceira rosa: a chuva. Antes da banda gaúcha Wannabe Jalva começar a tocar, algo esperado: uma forte chuva despencou na Fazenda Pontal. Apesar das poças e do barro que se formaram em algumas partes, a precipitação não foi um inconveniente. Se o MECA já tinha como lema “celebrating love through music” (em inglês: celebrando amor através da música), cai bem a definição de “Woodstock” para o clima que se consagrou naquele momento. Alguns receberam a chuva com uma grande ovação, sem se preocupar com os calçados, e dançaram loucamente próximo dos clubinhos, ontem centenas se aglomeravam para fugir de se molhar.

Wannabe Jalva
Quarta rosa: os clubinhos. Os locais reservados aos parceiros do evento, como a Youcom, o Beco203 e o IHateFlash, foram tomados pelos visitantes durante os intervalos dos shows. Ali, DJs faziam festas paralelas, onde o pessoal descontraia ou tomando um sorvete, ou fazendo uma tatuagem, ou até cortando o cabelo. Uma coisa é certa: não faltou o que fazer dentro destes espaços.

Quinta rosa: gastronomia. Além de reunir todo o pessoal do skate, das artes plásticas e da música underground, o MECA proporcionou um diferencial destacado por muitos. A “praça” de alimentação consistiu em vários foodtrucks, moda que pegou neste verão no Litoral Norte. Pueblo, Jápesca e Destemperados foram algumas das comidas de rua do evento.

É óbvio que houve filas. Mas não chegou nem perto do que se vê em outros grandes festivais do país, como Lollapalooza. Nos veículos do Destemperados, foram consumidos cerca de mil “Pancho do Pepe”.

Sexta rosa: não faltou cerveja. O serviço de bebida liberada de cerveja (open bar) foi bom. Em certo momento, alguns bares chegaram a negar a bebida aos visitantes, mas por um motivo claro: não estava totalmente gelada. Assim, eles eram indicados a procurarem outros bares, onde havia cerveja em condições de consumo.

No quesito banheiros, talvez o MECA tenha deixado um pouco a desejar e muitas pessoas acabaram fazendo suas necessidades no mato. Exatamente. No escuro, entre as árvores.

Sétima, oitava e nona rosas: La Roux, AlunaGeorge e Citizens!. Foram os três shows internacionais e que atraíram a maior parte do público. Todos vieram de Londres e são quase desconhecidos pelo grande público. “Qual é a banda que você veio ver no MECA?”, perguntei para uma garota que estava longe do palco. “Não conheço nenhuma, vim mais pela vibe”. Essa foi uma das respostas que mais ouvi durante a festa. Mas antes que o leitor pense que isso seja ruim, a maioria dos jovens voltou para casa satisfeita.

Tom Burke (Citizens!) num dos melhores shows da noite
Pela segunda vez em Maquiné, os caras do Citizens! fizeram, talvez, um dos melhores shows da noite, apesar da maioria das músicas tocadas serem do disco inédito. O hit indie True Love foi a musica mais lembrada. Ao final, o vocalista Tom Burke se jogou na platéia, conquistando, assim, ainda mais a fidelidade do público.

Aluna Francis (AlunaGeorge) fez o público pular no MECA
Aluna Francis, a vocalista do dueto de música eletrônica AlunaGeorge, fez o público pular. You Know You Like It, de 2013, fez parte do set da dupla. Foi a primeira apresentação da dupla no Brasil.

Elly Jackson subiu ao palco próximo da 1h da madrugada e não desfez seu topete durante toda a apresentação. A vocalista do duo La Roux dançou e empolgou o público do início ao fim. Com uma iluminação contraluz, que desfavorecia o seu rosto, Jackson encantou os espectadores com uma dança elegante. Alguns desconfiaram que a cantora tivesse utilizado playback, o que não foi confirmado pela assessoria do MECA. No entanto, o hit Bulletproof foi cantado em coro pela platéia e encerrou o primeiro show de La Roux no Brasil.

La Roux encerrou seu show com Bulletproof

E o MECAFestival não terminou aqui. No domingo (18), os três headliners (La Roux, AlunaGeorge e Citizens!) ainda correram para a Estação Leopoldina, no bairro Santo Cristo no Rio de Janeiro (RJ), para mais apresentações. Na sexta (23), no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho (MG), ocorre uma edição especial do MECA, com AlunaGeorge e Citizens!. E no sábado (24), os três grupos de Londres fazem show no Campo de Marte, em São Paulo (SP).

*Reportagem publicada originalmente no dia 21 de janeiro de 2015 no jornal Momento.

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