Texto e fotos | Lorenço Oliveira
MAQUINÉ – Uma
experiência musical única no Litoral Norte. “O maior menor festival de música
do mundo”, como os organizadores do MECAFestival se intitulam, tornou-se a
relíquia entre os grandes eventos que ocorrem na região. Não há nada parecido,
pois não há governo que faça algo tão bem pensado e organizado. É claro que nem
tudo são rosas. Mas no MECA, muitas foram as rosas neste último sábado (17) e
podem servir como belos exemplos para eventos futuros.
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Primeira rosa: o
local: Hotel Fazenda Pontal, localizado no km 2,5 da ERS-407, trecho que liga o
distrito de Morro Alto a Xangri-Lá. Apesar da falta de sinalização aos
visitantes, o acesso foi fácil e não apresentou grandes problemas. Muitas
pessoas reclamaram que, por o evento ser de bebida liberada (open bar de
cerveja), o deslocamento seria difícil. Não foi o que aconteceu. A grande
maioria dos jovens decidiu utilizar transporte coletivo: táxis, vans,
micro-ônibus e ônibus. Os preços variaram de R$ 20 a 70. Alguns fizeram bate e
volta Porto Alegre-Maquiné.
É claro que teve aquele que não quis depender disso e foi
com seu próprio veículo. Para a surpresa destes: blitz policial. A Policia
Rodoviária e a “Balada Segura” estavam na boca da saída, que aconteceu por
volta de 2h da madrugada. No entanto, algo que não é novidade se repetiu:
flanelinhas cobravam a partir de R$ 100 para dirigir pelos donos dos carros, a
fim de passar pelas barreiras.
Segunda rosa:
artistas de alta qualidade. O prodígio Erick Endres abriu os trabalhos no palco
às 17h. O filho do guitarrista da banda gaúcha Comunidade Nin-JitSu, Fredi
Endres, arrepiou quem não esperava por um rock puro e de altíssimo nível. O som
de Erick, que está para completar 18 anos, é basicamente autoral, mas seu show
no MECA ainda contou com um cover de
John Frusciante, um de seus ídolos junto com Jimi Hendrix e Jack White.
Em razão do trio inglês Years&Years estar finalizando um
álbum em Londres, duas bandas nacionais entraram no lugar. E não deixaram a
desejar. O Mahmundi e o Boogarins agitaram o público exigente do MECA.
Boogarins |
Terceira rosa: a
chuva. Antes da banda gaúcha Wannabe Jalva começar a tocar, algo esperado: uma
forte chuva despencou na Fazenda Pontal. Apesar das poças e do barro que se
formaram em algumas partes, a precipitação não foi um inconveniente. Se o MECA
já tinha como lema “celebrating love through music” (em inglês: celebrando amor através da música), cai bem a definição de
“Woodstock” para o clima que se consagrou naquele momento. Alguns receberam a
chuva com uma grande ovação, sem se preocupar com os calçados, e dançaram
loucamente próximo dos clubinhos, ontem centenas se aglomeravam para fugir de
se molhar.
Wannabe Jalva |
Quarta rosa: os
clubinhos. Os locais reservados aos parceiros do evento, como a Youcom, o Beco203 e o IHateFlash,
foram tomados pelos visitantes durante os intervalos dos shows. Ali, DJs faziam
festas paralelas, onde o pessoal descontraia ou tomando um sorvete, ou fazendo
uma tatuagem, ou até cortando o cabelo. Uma coisa é certa: não faltou o que
fazer dentro destes espaços.
Quinta rosa:
gastronomia. Além de reunir todo o pessoal do skate, das artes plásticas e da
música underground, o MECA proporcionou um diferencial destacado por muitos. A
“praça” de alimentação consistiu em vários foodtrucks,
moda que pegou neste verão no Litoral Norte. Pueblo, Jápesca e Destemperados
foram algumas das comidas de rua do evento.
É óbvio que houve filas. Mas não chegou nem perto do que se
vê em outros grandes festivais do país, como Lollapalooza. Nos veículos do Destemperados, foram consumidos cerca
de mil “Pancho do Pepe”.
Sexta rosa: não
faltou cerveja. O serviço de bebida liberada de cerveja (open bar) foi bom. Em
certo momento, alguns bares chegaram a negar a bebida aos visitantes, mas por
um motivo claro: não estava totalmente gelada. Assim, eles eram indicados a
procurarem outros bares, onde havia cerveja em condições de consumo.
No quesito banheiros, talvez o MECA tenha deixado um pouco a
desejar e muitas pessoas acabaram fazendo suas necessidades no mato.
Exatamente. No escuro, entre as árvores.
Sétima, oitava e nona
rosas: La Roux ,
AlunaGeorge e Citizens!. Foram os três shows internacionais e que atraíram a
maior parte do público. Todos vieram de Londres e são quase desconhecidos pelo
grande público. “Qual é a banda que você veio ver no MECA?”, perguntei para uma
garota que estava longe do palco. “Não conheço nenhuma, vim mais pela vibe”. Essa foi uma das respostas que
mais ouvi durante a festa. Mas antes que o leitor pense que isso seja ruim, a
maioria dos jovens voltou para casa satisfeita.
Tom Burke (Citizens!) num dos melhores shows da noite |
Pela segunda vez em Maquiné, os caras do Citizens! fizeram, talvez,
um dos melhores shows da noite, apesar da maioria das músicas tocadas serem do
disco inédito. O hit indie True Love foi a musica mais lembrada. Ao final, o vocalista Tom
Burke se jogou na platéia, conquistando, assim, ainda mais a fidelidade do público.
Aluna Francis (AlunaGeorge) fez o público pular no MECA |
Elly Jackson subiu ao palco próximo da 1h da madrugada e não
desfez seu topete durante toda a apresentação. A vocalista do duo La Roux dançou e empolgou o
público do início ao fim. Com uma iluminação contraluz, que desfavorecia o seu
rosto, Jackson encantou os espectadores com uma dança elegante. Alguns desconfiaram
que a cantora tivesse utilizado playback,
o que não foi confirmado pela assessoria do MECA. No entanto, o hit Bulletproof
foi cantado em coro pela platéia e encerrou o primeiro show de La Roux no Brasil.
E o MECAFestival não terminou aqui. No domingo (18), os três
headliners (La Roux , AlunaGeorge e
Citizens!) ainda correram para a Estação Leopoldina, no bairro Santo Cristo no
Rio de Janeiro (RJ), para mais apresentações. Na sexta (23), no Centro de Arte
Contemporânea Inhotim, em Brumadinho (MG), ocorre uma edição especial do MECA,
com AlunaGeorge e Citizens!. E no sábado (24), os três grupos de Londres fazem
show no Campo de Marte, em
São Paulo (SP).
*Reportagem publicada originalmente no dia 21 de janeiro de 2015 no jornal Momento.
*Reportagem publicada originalmente no dia 21 de janeiro de 2015 no jornal Momento.
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